O Ford Puma é um dos B-SUV mais divertidos de conduzir, ponto assente. E a versão ST era, sem qualquer sombra de dúvidas, a mais interessante do ponto de vista dinâmico e de diversão ao volante. Mas os 200cv provenientes do motor 1.5 estavam a fazer alguma moça na média de emissões da gama Ford à venda na europa, e o reduzido volume de vendas, talvez não justificase o esforço.
Por isso, a Ford eletrificou muito ligeiramente o Puma ST, e seguindo a tendência de toda a indústria, aplicou a técnica do downsizing, reduzindo a cilindrada de 1500 para 1000cc.
O resultado é um Ford Puma ST menos sonoro, ligeiramente menos rápido, mas mais poupado, mais amigo do ambiente e ligeiramente mais barato, sem que para isso, segundo a Ford, tenha perdido pitada da emoção.
O Puma ST é a prova de que a carroçaria da moda pode perfeitamente ser sinónimo de diversão ao volante.
Ligeiramente inspirado na versão utilizada pela Ford e pela M-Sport para correr no campeonato do mundo de Ralis, o ST distingue-se dos restantes Pumas pela altura ao solo mais reduzida, assim como todo um aspeto exterior mais agressivo e dinâmico, que condizem com o andamento mais apimentado.
Destacam-se as aplicações Ford Performance, que lhe dão uma aparência mais desportiva, tais como as pinças de travão vermelhas, o spoiler e difusor traseiro, ou o splitter dianteiro, que lhe confere mais 80% de downforce face às versões de entrada do Puma.
Além desta “renovação” de motor, o Puma ST perdeu a sua cor “Mean Green”, recebendo em troca o Azura Blue, a nova cor “de guerra” dos Ford Performance, e que tenta fazer a sua parte na missão de retirar os tons acinzentados do parque automóvel português.
Interior
Além do exterior, o cunho desportivo que a Ford pretende atribuir a este ST está também bem patente no interior, e sobretudo, nos pormenores que diferem este modelo mais vitaminado dos restantes Puma, como são exemplo a pele preta distribuída pela grande generalidade do habitáculo, toda ela acompanhada de pespontos vermelhos.
As baquets desportivas são também um elemento de destaque no interior, e ajudam a intensificar as sensações onde mais importa neste carro: as curvas. São bem aconchegantes em viagens longas, não massacrando o corpo com firmeza extrema, mas sobretudo, são eficazes no que lhes é pedido: segurarem bem o nosso corpo quando este é empurrado de lado para lado. E não menos importante, foram concebidas de maneira a não tornar a saída e entrada no carro mais difícil ou embaraçosa, algo que por vezes é comum nestes automóveis de cariz mais desportivo.
No entanto, nem tudo é perfeito na ergonomia do Ford Puma. Os ajustes à posição de condução têm que ser feitas com o veículo parado, pois nem todos os controlos são de fácil acesso, em particular a regulação da inclinação, e o apoia braços, ao não ser extensível, mesmo apesar de oferecer um bom compartimento de carga, não é realmente útil para desempenhar a sua tarefa: apoiar o braço.
Em termos aparência, o interior do Ford Puma pode parecer algo datado face a alguma da concorrência, mas em termos de equipamento, não há nada a apontar. Encontramos Apple CarPlay e Android Auto, através de ligação com fios, bancos aquecidos, carregamento por indução, um magnífico sistema de som premium Bang & Olufsen, e ainda várias ajudas de segurança à condução.
Ainda durante este ano de 2024 chegará a renovada versão do Ford Puma, que melhorará alguns dos elementos estéticos, ainda que a nível de equipamento e mecânica tudo permaneça intacto.
A sensação de qualidade no interior do Ford Puma transparece muito mais pelo rigor de montagem do que propriamente pela suavidade dos materiais, uma vez que é fácil encontrar a bordo mais rijos, sobretudo, nas zonas mais inferiores. Ainda assim, é de notar a ausência de ruídos parasitas, mesmo em estradas menos bem conservadas, e apesar do Puma ST estar equipado com uma suspensão menos permissiva a essas irregularidades.
A bagageira do Puma é também uma das referências dentro do segmento B-SUV, com capacidades que variam entre os 456L e os 1216L, mas que no caso da versão ST em particular, somam-se ainda 80L da MegaBox, uma espécie de “compartimento secreto” onde podemos guardar objetos sujos ou molhados, e que pode ser lavado com mangueira pelo facto de possuir um ralo de escoamento.
Ao volante
Para muitos, o Puma é a referência dinâmica da sua classe, os B-SUV. Precisamente aquela que mais adeptos tem conquistado em Portugal e que é líder de vendas no nosso país. E é por isso que a versão ST recebeu tantos elogios. Mas as imposições e restrições da União Europeia são cada vez menos amigas dos automóveis de performance com motores a combustão.
Mas passemos a factos. O que muda do anterior Puma ST com motor 1.5 para este 1.0 Powershift?
Efetivamente não é tão rápido como anteriormente, já que existe uma redução de 30cv na potência e 72Nm no binário, passando agora para os 248Nm. O tempo dos 0 aos 100km/h demora agora mais 0,7s a cumprir, necessitando de 7,4s, com a velocidade de ponta a ser atingida aos 210km/h, anunciada pela Ford, embora vários jornalistas alemães tenham testado este Puma ST até perto dos 230km/h nas autobahn.
E em termos de peso, apesar de ter mudado a arquitetura do motor e de agora ter um pulmão mais reduzido, este Ford Puma ST 170 Powershift é ainda 36kg mais pesado do que quando equipado com o 1.5 EcoBoost de 200cv, graças ao sistema mild hybrid de 48V.
E um facto curioso: Este Ford é anunciado com 160cv pela marca em Portugal, valor que está presente no DUA (Documento Único Automóvel). Os 170cv são atingidos em Overboost do turbo e “boost elétrico”, precisamente graças a este sistema Mild-Hybrid.
Ou seja, no papel, é um carro diferente. Mas, ao volante, será que se sente assim tão diferente? Não, de todo. Continua a ser um carro muito ágil, e sem sombra de dúvidas o mais divertido do segmento.
É um facto que é ligeiramente menos rápido em linha reta, mas é igualmente eficaz nas curvas, e para os verdadeiros aficcionados da condução, é aqui realmente onde queremos ser rápidos e sentir as forças G no nosso corpo.
O incremento de peso em pouco ou nada se fazem sentir já que o Puma ST se mantém abaixo dos 1400kg, e a grande vantagem deste 1.0 face ao 1.5 são mesmo os consumos, sendo capaz de rolar nos 6.5L/100km numa toada mais calma, o que é impressionante para um modelo de performance, e o torna muito prático no dia-a-dia, porque reduz as idas ao posto de combustível, e claro, a mossa na carteira.
Mas é verdade que quando temos um carro destes, é muito difícil não conduzi-lo depressa. Mesmo que nos sentemos ao volante num mood mais relaxado, rapidamente o Puma parece que tem a voz de um pequeno diabo no nosso ouvido que nos está sempre a incentivar a acelerar.
Temos que perceber que, gostemos mais, ou menos, e é claro que todos preferimos a sonoridade de um 4 cilindros do que um 3 cilindros, esté 1.0 é um motor que permite manter este modelo de performance na estrada, que de outra forma, talvez fosse mais um que tal como o Kauai N, ou até mesmo outros hot hatch, como o Fiesta ST, tivesse que deixar de existir.
Quanto à durabilidade e fiabilidade deste motor de 170cv face ao 1.5, e este é sempre um tópico muito importante, tendo em conta toda a experiência e feedback recebidos deste 1.0 nos restantes Ford Puma, desde que as manutenções sejam feitas preventivamente e atempadamente, o incremento de potência de 125 para 170cv não deverá trazer problemas de maior. Mas sim, são motores que pela sua arquitetura específica, requerem manutenção cuidada, a tempo e horas, para evitar dissabores.
Neste caso, a ajuda elétrica da tecnologia híbrida de 48V ajuda a aliviar alguma da carga deste tricilindrico.
Ainda sobre diversão ao volante e notas de performance, a direção do Puma ST é extremamente direta, mesmo no modo normal, o que o torna muito fácil de controlar. O volante dá apenas 1 volta para cada lado, mas graças às jantes de 19’’ com uma secção bastante larga, as manobras mais apertadas não são tão célebres como na versão mais normal.
A suspensão é firme, mas não o suficiente para ser desconfortável, oferecendo um bom pisar, sobretudo em auto-estrada, e mascara por completo a altura ao solo mais elevada deste crossover, tornando-o quase num hot hatch, ao ponto de, nas curvas mais sinuosas, levantar a roda interior do eixo traseiro.
Além disso, o Puma ST vem equipado com uma barra de torção no eixo traseiro, cuja rigidez foi aumentada em 50%. Também inclui barras anti-aproximação na frente e na traseira, além de molas com vetorização de força aplicadas nos amortecedores Hitachi, que são características conhecidas da variante mais potente.
A caixa automática de dupla embraiagem, que por vezes pode ser algo hesitante nos modos mais económicos, quando colocada em modo manual, as passagens de caixa só acontecem quando o condutor assim determina, ajudando a segurar o carro em curva quando necessário, e dando também a sensação de que é o condutor que está sempre em total controlo da máquina.
Preços
A partir de 39.067€, cerca de 12.000€ mais face ao Puma de entrada, e apenas mais 7.000€ que o Puma ST-Line, o mais apetecível dos Puma “base”, mas que neste caso é totalmente justificado pelo volume de equipamento opcional, e também, claro, pelo incremento na performance, quer em andamento, quer em curva.
Por isso, e estão no mercado à procura um SUV de segmento B com um comportamento dinâmico de excelência e a diversão ao volante é importante para si, diria que este Ford Puma ST continua a ser o caminho a seguir.
Se por outro lado, as exigências de performance não prevalecem sobre o conforto geral, e a estética do Puma for do vosso agrado, as restantes versões do Puma com esta motorização e com potências que vão dos 125cv aos 155cv, continuam a ser uma excelente opção dentro deste segmento.
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