Em 2019, mais de 22 mil pessoas morreram na sequência de um acidente de viação num país da União Europeia. Estes dados, que de ano para ano, têm vindo a registar melhorias, ainda estão muito aquém do desejável. Por isso, vão sendo introduzidas novas regras quanto ao equipamento de série que a indústria automóvel tem de oferecer nos seus modelos que visam aumentar o nível de segurança dos carros e diminuir o número de sinistros e, sobretudo, de vítimas mortais. Para o próximo ano, esperam-se novidades e uma delas abre a porta a uma alteração da legislação a nível de cada Estado.
A Comissão Europeia aprovou a pré-instalação de um alcoolímetro que, depois de instalado, permitirá impedir que um condutor alcoolizado conduza. A novidade está prevista já para 2022 e, segundo o Conselho Europeu de Segurança em Transportes, pode vir a reduzir acidentes e, consequentemente, a salvar a vida de mais de 25 mil pessoas nos próximos 15 anos. Além disso, há a intenção de, até 2050, reduzir até praticamente zero o número de fatalidades e feridos graves.
Como funciona o alcoolímetro instalado no carro?
Apesar do objetivo ser ambicioso, a solução é simples: o alcoolímetro funciona como uma espécie de bloqueio à ignição, sendo necessário, para acioná-la, soprar devidamente de forma a que o aparelho meça a taxa de alcoolémia, isto é, os gramas de álcool por cada litro de sangue. Caso a máquina detete uma taxa superior ao permitido simplesmente não desbloqueia a ignição e o carro não vai a lado nenhum; caso não detete álcool, autoriza a que o condutor dê à chave ou carregue no botão de ignição.
No entanto, este cenário ainda poderá demorar, já que a pré-instalação não pressupõe a obrigação de tal sistema a funcionar, deixando a Comissão Europeia a cada país a decisão de implementar essa norma ou não.
Vários países já têm um conjunto de regras sobre a utilização dos alcoolímetros bloqueadores de ignição. No entanto, e apesar de terem sido realizadas experiências na Alemanha, Bélgica, Espanha e Noruega, de todos os Estados-membros apenas a Suécia parece convencida de que esta é uma tecnologia em que vale a pena apostar, com alcoolímetros bloqueadores de ignição em programas de reabilitação, por exemplo.
A pré-instalação dos alcoolímetros bloqueadores de ignição não será a única novidade esperada em 2022: há mais 10 equipamentos que se tornarão obrigatórios, apesar de muito provavelmente a sua presença entre o equipamento ser enaltecida pelas marcas (alguém imagina, nos dias de hoje, comprar um carro a alguém que lho queira vender afirmando que traz cintos de segurança de série?).
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Entre os equipamentos que hoje ou são celebrados por surgirem de série ou ainda se encontram na lista dos opcionais, 2022 passará a oferecer em todos os automóveis novos travagem autónoma de emergência, que permite que o carro identifique a presença de um obstáculo, travando face à inação do condutor; detetor de fadiga, que estuda o comportamento do condutor, percebendo se o nível de atenção do mesmo diminui, avisando-o do mesmo; registo de dados em caso de acidentes (caixa negra) e sistema de paragem de emergência.
Dos assistentes criados para facilitar a vida ao condutor, a Comissão Europeia decidiu que, a partir de 2022, o assistente inteligente de velocidade e o assistente de manutenção na faixa de rodagem passarão a ser oferecidos de série.
Ao nível da proteção, os ocupantes passarão a contar com mais uma, destinada a evitar sequelas de maior, resultantes de impactos contra postes, além de os carros passarem a integrar câmara traseira ou sistema de deteção de obstáculos.
Além disso, passará a ser obrigatório apresentar crash-test frontal, feito pelo Euro NCAP, o organismo que, sem poder regulatório, testa o nível de segurança dos automóveis. E é esperado que a exigência aumente – afinal, isso tem acontecido praticamente todos os anos e 2022 não seria exceção.
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