Qual o nome mais sonante? Volkswagen ou Golf? Civic ou Honda? Nem vale a pena a discussão: claro que qualquer dos termos é mundialmente reconhecido. O que poucos saberão é que houve momentos na história em que o modelo foi maior que a marca, tendo até sido a razão para a sua salvação. Eis cinco automóveis que foram os responsáveis por carregar as marcas até aos dias de hoje.
Ford 1949
Depois dos anos da II Guerra e com a morte do fundador da empresa, Henry Ford, em 1947, a Ford estava em maus lençóis. Foi a iniciativa do neto, que herdou o nome do inventivo engenheiro, que acabou por relançar a empresa. E a razão do sucesso não tem um nome (não se trata de nenhum erro: os modelos simplesmente carregavam o nome das marcas nesta altura – afinal, as gamas não eram assim tão vastas).
O Ford de 1949, que recebeu o carinhoso apelido de Shoebox (caixa de sapatos), apresentava-se com um desenho a pensar no aerodinamismo, integrava na carroçaria os para-lamas e as luzes, trazia suspensão dianteira independente (um marco para o conforto) e o motor era montado o mais à frente possível, criando um habitáculo desafogado. Resultado: foi um enorme sucesso, salvou a companhia e serviu de exemplo para modelos de rivais como a Chrysler e a GM.
Mercedes-Benz 300 SL
A empresa alemã, criada, em 1924, a partir da fusão entre a Benz & Cie. e a Daimler-Motoren-Gesellschaft, viu-se a servir a causa nazi durante a Segunda Guerra, com quase toda a sua produção voltada para meios bélicos, de carros de combate a automóveis militares, sem esquecer a construção de motores para aviões. Mas a derrota da Alemanha, a destruição de fábricas e o facto de a engenharia automóvel ter ficado estagnada, deixou a Mercedes-Benz em maus lençóis. Até que, já na década de 1950, Rudolf Uhlenhaut consegue legalizar uma versão para estrada do desportivo de pista W194, vencedor das 24 horas de Le Mans.
Nasce, assim, em 1954, o icónico 300 SL, exibido com pompa e circunstância no Salão de Nova Iorque. Conhecido pelas portas asa de gaivota, este supercarro foi o primeiro desportivo a ter um motor a gasolina com injeção direta e chegou a ser considerado o carro de produção em série mais rápido do mundo. E o mercado norte-americano não lhe resistiu. Foi o reinício de uma carreira brilhante para a marca da estrela de três pontas.
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Honda Civic
Se a indústria automóvel alemã sofreu com a Segunda Guerra, a nipónica não foi imune aos efeitos do conflito. Ainda que algumas consequências viriam a provar-se frutíferas, como testemunhou Soichiro Honda, o fundador da marca homónima em 1946, que nasce precisamente por causa de tudo o que o nipónico perdeu durante o conflito, que lhe custou a T?kai Seiki: um ataque norte-americano destruiu a fábrica Yamashita, em 1944, e a natureza também não ajudou, com o colapso da fábrica de Itawa, em 1945, na sequência do terramoto de Mikawa.
Soichiro vendeu os restos da T?kai Seiki à Toyota e utilizou os lucros para fundar o Instituto de Investigação Técnica Honda, em Outubro de 1946. Começou pelas motos, mas o que Soichiro Honda mais queria era vingar nos automóveis. Não teve grande sucesso, porém. Até que, em 1972, lançou o Civic, um compacto do segmento C que viria a transformar-se no cartão de visita do emblema. Dúvidas sobre o seu sucesso? Meio século depois, o modelo continua a integrar a gama da Honda e até tem direito à versão apimentada Type-R.
Volkswagen Golf
Caso para dizer que mesmo a pessoa com mais defeitos consegue fazer algo bem feito. É o caso do projeto da Volkswagen, que, ao contrário da crença popular, não nasceu da cabeça de Adolf Hitler, mas foi devidamente apropriado para a propaganda nazi. E o Carocha foi o perfeito “carro do povo”, com mais de 20 milhões de unidades vendidas entre 1938 e 2003. No entanto, o que salvou a empresa da bancarrota, na década de 70, foi outro modelo: o Golf, que se tornou referência do seu segmento (e ainda hoje o é), foi lançado em 1974, tornando-se um sucesso na Europa e não só.
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Aston Martin DB7
A ideia de que as empresas de luxo também enfrentam problemas financeiros pode ser estranha. Mas a verdade é que o investimento é milionário e nem sempre o retorno é imediato. Foi o caso da Aston Martin que, não obstante a fama, atravessou os anos 80 do século XX a passo de caracol. A sua salvação tem dois nomes: Ford, que integrou a marca no grupo e investiu no aumento da produção, e DB7, o grand-turismo produzido entre setembro de 1994 e dezembro de 2004 e que se apresentava tanto em forma de coupé como de descapotável. Foi, até à data, o Aston Martin de maior produção, com mais de 7 mil automóveis construídos.
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