Renault 16, uma viagem poética pela inovação com 60 anos

Concebido por Gaston Juchet e apresentado no Salão Automóvel de Genebra de 1965, o Renault 16 constituía é um poema em aço e vidro, que representava na perfeição o optimismo que se agitava por toda a Europa, depois dos anos difíceis do pós-guerra.
Não era bem uma berlina e também parecia romper com os códigos de uma carrinha, mas não havia qualquer dúvida de que se tratava de um automóvel capaz de satisfazer as necessidades de uma família, e o seu sucesso não se fez esperar.
Carro Europeu do Ano
Meses depois de ter surpreendido Genebra, o Renault 16 voltou a ser estrela da cena automobilística, ao ser anunciado como a melhor proposta do ano. O Renault 16 foi eleito Carro Europeu do Ano por um conselho de jornalistas europeus do setor automóvel no final de 1965, sagrando-se o terceiro vencedor do prémio e brilhando como o primeiro vencedor francês.
O sucesso também se traduzia na forma de vendas: muitos se renderam às suas formas que, antes de existir a palavra “hatchback”, revelavam como se podia construir um cinco portas de forma compacta e funcional.
Renault 16: Design prático e elegante
Em 1965, a palavra “hatchback” ainda não tinha sido adotada pelo léxico automóvel, mas as linhas do R16 apontavam precisamente nessa direção. A sua carroçaria, de dois volumes, com seis janelas e uma porta traseira, era simultaneamente elegante e prática, com linhas esticadas, cintura baixa e tejadilho alto, como se o próprio carro estivesse a respirar a promessa de novas possibilidades.
Inovação até no detalhe
Os engenheiros da Renault, guiados por um espírito de “fazer diferente”, dotaram o R16 de uma tração dianteira, de um motor em alumínio e de uma alavanca de velocidades montada na direção - cada um deles um ato silencioso de rebelião contra as convenções.
A suspensão admitia uma condução tão suave como uma canção de embalar, deslizando sobre os empedrados e sulcos das estradas europeias.
A inovação, porém, também dava cartas na habitabilidade e na funcionalidade: o banco traseiro deslizava, dobrava-se ou desaparecia por completo, permitindo até sete configurações diferentes. Os bancos podiam transformar-se em camas, a bagageira podia engolir bicicletas ou malas e o habitáculo estava sempre inundado de luz.
Renault 16: Um carro para o futuro
Quando o R16 chegou, os jornalistas tiveram dificuldade em descrevê-lo. Seria uma berlina, uma carrinha ou algo completamente novo? “É um pouco diferente”, admitiram finalmente, pressentindo que este automóvel não era apenas para o presente, mas um prenúncio do que estava para vir.
Durante quinze anos, foram produzidas mais de 1,8 milhões de unidades. E nem o surgimento do seu sucessor, o Renault 20, em 1975, ditou a descontinuidade da produção, que se manteve até 1980. Afinal, o R16 não era apenas um automóvel; era um companheiro de viagem, um símbolo de progresso e uma revolução suave sobre quatro rodas.
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