Filtro de partículas: como funciona e cuidados a ter

O filtro de partículas, conhecido como FAP (do francês Filtre à Particules), é um componente obrigatório nos automóveis com motor Diesel desde 2009 e, mais recentemente, também nos motores a gasolina de injeção direta. O objetivo principal é reduzir as emissões poluentes, em conformidade com as normas europeias, como a Euro 6d e a futura Euro 7, que impõem limites mais rigorosos às partículas emitidas pelos veículos.
Este dispositivo está integrado no sistema de escape e possui uma estrutura interna semelhante a um favo de mel, mas com células quadradas. É normalmente fabricado em materiais como a cordierite (um tipo de cerâmica que retém partículas de fuligem) ou o carboneto de silício, que apresenta maior resistência às altas temperaturas. A função do filtro de partículas é reter as partículas sólidas presentes nos gases de escape e eliminá-las através de um processo de incineração a alta temperatura, conhecido como regeneração.
Vai trocar de carro? Faça uma pesquisa no Standvirtual
De acordo com o IMT, a presença e o correto funcionamento do filtro de partículas são verificados nas inspeções periódicas obrigatórias (IPO), sendo passível de reprovação a ausência ou defeito do mesmo.
Tipos de regeneração do filtro de partículas
O ciclo de regeneração do filtro de partículas visa a queima das partículas acumuladas, impedindo o entupimento e mantendo a eficiência do sistema de escape. Este processo pode ser:
- Regeneração passiva: Ocorre naturalmente quando a temperatura dos gases de escape ultrapassa os 300°C, o que sucede durante viagens mais longas e a velocidades constantes, como em autoestrada.
- Regeneração ativa: É gerida pela centralina do motor e consiste em pós-injeções de combustível, elevando intencionalmente a temperatura dos gases para incinerar as partículas. Esta regeneração é geralmente sinalizada no painel de instrumentos, através de um aviso luminoso.
Os fabricantes recomendam que, ao surgir o aviso de regeneração ativa, se conduza durante cerca de 15 minutos a velocidades superiores a 60 km/h, em 4.ª ou 5.ª velocidades, mantendo o regime do motor acima das 2500 RPM. Esta prática ajuda a evitar acumulações perigosas e potenciais avarias no sistema.
Durante a regeneração ativa, poderão notar-se alterações no funcionamento do veículo, como aumento do consumo de combustível, elevação do regime de ralenti, funcionamento dos ventiladores de arrefecimento e até um ligeiro odor proveniente do sistema de escape.
Cuidados a ter com o filtro de partículas no dia a dia
Os condutores que realizam sobretudo trajetos urbanos, com frequentes paragens e arranques, estão mais sujeitos a problemas no filtro de partículas, pois o motor raramente atinge as temperaturas necessárias para uma regeneração completa. Isto pode levar ao entupimento do FAP e a sintomas como:
- Perda de potência do motor.
- Aumento do consumo de combustível.
- Acendimento da luz de avaria no painel de instrumentos.
Para evitar estas situações, recomenda-se a realização regular de trajetos em autoestrada ou vias rápidas, onde o motor atinge temperaturas ideais para a regeneração passiva. Uma prática aconselhada é realizar um percurso deste tipo pelo menos a cada 200 km percorridos.
Nos veículos a gasolina com filtro de partículas (GPF), o risco de entupimento é menor, uma vez que estes motores atingem mais facilmente a temperatura de funcionamento ideal. No entanto, também requerem cuidados semelhantes para garantir a durabilidade do componente.
Filtro de partículas e inspeção periódica obrigatória (IPO)
Desde 2018, as inspeções obrigatórias em Portugal passaram a incluir a verificação da presença e integridade do filtro de partículas. De acordo com o IMT, a remoção do FAP é considerada uma infração grave e o veículo pode ser reprovado na IPO. Além disso, esta prática é punível por lei e representa um atentado ao meio ambiente.
Artigo relacionado: Saiba como reduzir os consumos e as emissões do seu carro
A União Europeia está a reforçar os controlos em estrada, com o objetivo de identificar viaturas que circulam sem o filtro de partículas ou com o mesmo desativado eletronicamente. As multas podem ser pesadas e incluem a obrigação de repor o equipamento original.
Limpeza, substituição e ilegalidades: o que deve saber
Quando o filtro de partículas está entupido e já não consegue regenerar corretamente, há duas opções: limpeza ou substituição. A limpeza pode ser feita através de processos como o uso de ultrassons ou máquinas específicas de lavagem, que removem grande parte dos resíduos acumulados. No entanto, esta solução é temporária, uma vez que não devolve ao componente as suas caraterísticas originais.
A substituição do FAP é a alternativa mais duradoura, mas também mais dispendiosa. O custo pode variar consoante o modelo do veículo e o tipo de filtro, sendo um investimento que poderá oscilar entre algumas centenas a milhares de euros. O ciclo de vida de um filtro de partículas ronda, em média, entre 100.000 e 160.000 km, dependendo do tipo de utilização do veículo e da qualidade do combustível utilizado.
Infelizmente, alguns proprietários optam pela remoção ilegal do filtro, através da eliminação do miolo cerâmico e reprogramação da unidade de controlo eletrónico. Esta prática, além de ilegal, prejudica gravemente o ambiente e pode trazer complicações legais e financeiras, sobretudo nas IPO e em eventuais inspeções aleatórias na estrada.
Leia também: