Fila de trânsito

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Carros elétricos ou a combustão: quais deixam maior pegada ecológica?

Quando se coloca os carros elétricos e os de combustão, seja a gasolina ou diesel, lado a lado não é assim tão fácil perceber qual é o menos poluente. Sobretudo porque a maioria dos estudos é financiada por partes interessadas – de um lado ou de outro.

Aliás, nos últimos anos, à medida que os carros elétricos foram ganhando mais terreno, vieram a lume várias teorias que apontavam para que a poluição global causada pelos veículos elétricos, por comparação com os veículos com motor de combustão interna, fosse superior.

No entanto, embora dê algum trabalho, é possível analisar o custo ambiental de cada automóvel: da sua produção à sua manutenção e alimentação.

Foi o que fez o canal de YouTube GasTroll. A UVE, Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos procedeu à tradução do vídeo para português com o intuito de deitar por terra vários mitos. Para tal, a associação adaptou “os números à Europa e, particularmente, à realidade portuguesa”, tendo, no final, obtido “validação por parte dos autores da versão original”.

Impacto da exploração e transporte do petróleo

Por exemplo, feitas as contas, a associação concluiu que “um só poço de petróleo gasta, por mês, eletricidade suficiente para viajar entre Faro e Viana do Castelo 105 vezes num veículo elétrico” médio. Além disso, “a energia consumida pelos poços de petróleo nos EUA, mais todas as plataformas de alto mar num mês, seria suficiente para alimentar os mais de 5 milhões de veículos que circulam em Portugal, caso estes fossem todos carros elétricos, durante um ano e meio.

Depois de toda a energia utilizada para extrair o petróleo (a tal capaz de alimentar o parque automóvel nacional durante 18 meses) para o transportar, refinar e voltar a transportar, ainda se tem de contabilizar a energia perdida pelo próprio motor de combustão: cerca de 70%, observa a UVE.

Mas, vamos por partes: o petróleo tem de ser transportado. Para tal, recorre-se ao transporte marítimo, tido como “responsável pela emissão de cerca de mil milhões de toneladas de CO2 por ano”, sendo “os petroleiros responsáveis por 10% desse valor”.
 

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Depois, há o consumo das refinarias – segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o consumo direto, exclusivamente elétrico, nas refinarias de Sines e Matosinhos foi de 398 Terawatt-hora/ano e 211 TWh/ano, em 2005 e 2009 respetivamente, o suficiente para “os gastos energéticos anuais de 240 mil carros elétricos”.

E, explica a associação, “para além do consumo de eletricidade, as refinarias de petróleo possuem muitos outros consumos energéticos”.

Já sobre a produção de energia que alimenta os elétricos, a UVE lembra que, em Portugal, “61,7% da eletricidade que consumimos”, em 2020, foi “produzida por fontes exclusivamente renováveis (hídrica, fotovoltaica e eólica)”.

“Quando comparamos o trajeto do petróleo e da eletricidade, a diferença é enorme. A eletricidade não precisa de ser extraída do solo, ser transportada em camiões ou comboios, ou bombeada ao longo de quilómetros de oleodutos, não precisa de cruzar os oceanos, não precisa de ser refinada e não polui os sítios onde vivemos.”

O termo “well-to-wheel” (WtW, na sigla original, mas que pode ser traduzido por “do poço à roda”) refere-se a todo o processo de fluxo de energia, desde a extração da fonte de energia até um veículo a ser conduzido.

E estudos apontam que as soluções eletrificadas oferecem o melhor desempenho graças à melhor eficiência do grupo motopropulsor. No entanto, outras investigações consideram que, do poço à roda, a contribuição de CO2 dos carros elétricos é superior à de um carro movido a combustíveis fósseis.

Carros elétricos vs combustão: quais são os mais amigos do ambiente?

Já um trabalho desenvolvido pelo Instituto Americano de Física (AIP, na sigla original) conclui, com base em testes rodoviários em condições reais de utilização, que a eletrificação do parque automóvel representa uma solução eficaz para a redução do consumo de energia primária não-renovável e emissões de gases de efeito de estufa.

De acordo com o mesmo organismo, estas redução é ainda mais evidente em “vias urbanas”, quando se recorre a velocidades médias baixas. O que, explica, não constitui um problema. Afinal, estas representam a maioria das viagens diárias.

 
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