8 janeiro 2024

Será que os preços dos carros usados já estão a baixar?

Preço carros usados

A maior oferta e o abrandamento da procura podem vir a tornar os preços mais competitivos no mercado de automóveis usados, ou até a baixá-los, algo que já se começa a verificar internacionalmente e também em Portugal. Mas é cedo para otimismos desmedidos. De acordo com dados divulgados pela Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), em novembro de 2023, o preço médio de venda ao público de carros usados registou, globalmente, um ligeiro aumento em relação ao mês anterior. Apenas no preço médio das viaturas com 3-4 anos de idade se registou a tendência inversa com uma pequena descida. Porém, a oferta disponível continua a aumentar.

O pior já passou?

Depois de uma pandemia que paralisou a indústria e deixou a economia gravemente doente, o esperado retorno à normalidade não aconteceu. Ao contrário, seguiu-se o início de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que só veio agravar uma crise logística que afeta a globalidade dos mercados e, em particular, a indústria automóvel. Mas, apesar das contrariedades, o setor está a dar provas de notável resiliência, com a produção a regressar quase aos padrões de outrora. Cada vez com menos encomendas por satisfazer, e com os prazos de entrega cada vez mais curtos.

Por tudo isso, os preços médios das viaturas usadas demonstravam alguma estabilidade no comércio e no retalho desde outubro de 2022 até junho de 2023, esperando-se que possam reduzir progressivamente durante este ano, ou inverter mesmo a tendência. Entre 2021 e junho de 2023, o preço médio dos usados aumentou de 18.900€ para 23.750€.

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Ainda a crise dos semicondutores

Porque é que os usados não ficaram mais baratos com o fim da pandemia? Apesar da retoma de produção pós-confinamento, manteve-se um deficit de componentes específicos, como os semicondutores, devido à enorme procura de dispositivos eletrónicos durante a pandemia. A falta desses chips essenciais aos automóveis modernos atingiu o pico quando a China, um dos seus maiores produtores, decretou restrições à exportação de gálio e germânio, duas matérias-primas necessárias ao seu fabrico.

Crise semicondutores mercado automo?vel

Nos últimos três anos, a escassez global de microchips ou semicondutores causou estragos na cadeia de abastecimento automóvel, forçando os fabricantes a cortar milhões de veículos dos planos de produção. Agora, à medida que a indústria entra no quarto ano desde o início da pandemia da covid-19 e dos seus efeitos em cascata na cadeia de abastecimento, a escassez de chips está a ficar em segundo plano. De acordo com a AutoForecast Solutions, 10,56 milhões de veículos foram retirados dos cronogramas de produção dos construtores em 2021, a que se seguiram 4,39 milhões de cortes em 2022. A empresa estima que em 2023 esse número tenha sido reduzido para quase metade: 2,47 milhões em todo o mundo. Tornou-se num obstáculo que as marcas aprenderam a contornar.

Mercado de carros usados tem de acompanhar

Embora o preço médio dos usados esteja estável desde a última metade de 2023, observou-se uma ligeira subida devido a automóveis e segmentos mais caros que entram no mercado e aumentam o preço médio geral.

Além disso, apesar da escassez de chips, os últimos anos foram alguns dos mais lucrativos que os construtores e revendedores já viveram. E, na perspetiva de manterem lucros elevados no futuro, deverão continuam a priorizar modelos mais sofisticados em vez de veículos básicos, consideram alguns analistas. “Agora as marcas estão a perceber que a venda de veículos de 40 mil a 60 mil não tem de ser compensada pela venda também de veículos de 20 mil”, explicou Sam Fiorani, analista na AutoForecast Solutions, em declarações ao Automotive News. “Os lucros são mais fortes por causa disso, e as linhas de montagem parecem estar a funcionar bastante bem. O único problema é que os clientes dos segmentos mais básicos são agora relegados para o mercado de carros usados”, acrescentou, oferecendo uma visão diferente sobre como poderiam os veículos de segunda mão voltar a enfrentar uma nova fase de valorização.

Motivos para acreditar

O mercado de automóveis novos está a tentar recuperar a toda a velocidade dos impactos nefastos da crise, e a chegada de um grande número de marcas chinesas à Europa está a ajudar nesse sentido. Quantos mais carros novos chegarem às estradas, mais veículos irão parar ao mercado de usados, tornando mais competitivos os preços de veículos com quilómetros já percorridos.

Prec?o carros usados baixar

Relativamente aos modelos mais representativos de carros usados no Standvirtual, com 50 mil quilómetros e motor Diesel, verifica-se que a partir de janeiro de 2021 os preços começaram a descer ligeiramente, até ao momento. O Mercedes-Benz A180 teve uma diminuição de preço médio desde o início deste ano, passando de 32.000 € para 30.500 €. O mesmo acontece com o Nissan Qashqai, com um decréscimo do preço médio de 25.600 € para 23.500 €. Seguem-se ainda o Renault Clio (que desce de 18.100 € para 16.900 €) e o Renault Megane Sport Tourer (22.500 € em comparação com 21.400€).

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