Escassez de carros novos impulsiona mercado de usados e de reparações

Quando comparado com o mesmo período em 2019, antes da pandemia, o mercado já recuou 33,7%, concluem os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
Apesar de a pandemia se encontrar cada vez mais estabilizada, não é expectável que o setor volte à sua produção normal (pré-pandemia) até pelo menos ao final de 2023, avança Roberto Gaspar, secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), no entanto o abrandamento previsto para a produção automóvel não pode ser transferido para outras áreas do setor, como é o exemplo do mercado dos usados ou da área da reparação automóvel que tem sifo beneficiada com a demora no lançamento de novos modelos no mercado.
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Relativamente ao mercado dos usados, Roberto Gaspar afirma que “tem estado a funcionar muito bem e a ganhar muito dinheiro”, principalmente devido aos elevados tempos de espera por automóveis novos.
Se 2021 foi marcado por um crescimento do mercado dos usados, 2022 registou um crescimento do mercado acoplado aos aumentos de preços. Um carro usado, que normalmente deprecia entre 10% a 15% ao ano, apreciou em 2022 por volta dos 20%.
Porém, a maior adversidade, tanto para o comércio automóvel como para o setor da reparação, está relacionado com a escassez de mão-de-obra qualificada na área. A falta de trabalhadores qualificados é cada vez mais um problema para a indústria e está a causar um verdadeiro impacto na capacidade de crescimento do setor, garante Roberto Gaspar.
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Por exemplo, um veículo com motor a combustão conta com cerca de mil a duas mil peças móveis na sua composição, já um veículo elétrico conta apenas com cerca de vinte a trinta peças. Esta diferença considerável no número de peças de cada tipo de automóvel faz com que, consequentemente, a manutenção para cada, bem como as qualidades necessárias para tal, sejam diferentes.
Atualmente, existem cada vez mais profissionais de mecânica a realizar manutenções de veículos elétricos. Esta tendência para o mercado dos elétricos encontra-se em crescimento e, tal como muitas das profissões mais atuais, também já pode ser feita à distância, permitindo a deteção e conserto de anomalias em tempo real, de forma totalmente remota.
Relativamente ao atual modelo de comercialização de automóveis, o secretário-geral da ANECRA garante que está em mudança.
O modelo tradicional que engloba um fabricante, um distribuidor e os concessionários, irá ser substituído por um modelo de agenciamento. A maior prova disto é que a gigante Stellantis, que tem no seu portfólio marcas como a Alfa Romeo, a Citroën, a Jeep, a Fiat, a Opel ou a Peugeot, entre outras, rescindiu os seus contratos com os seus concessionários na Europa e está a preparar-se para implementar o modelo de agenciamento (similar ao utilizado pela Tesla), no qual a venda é feita online diretamente ao cliente final, sem passar por intermediários, o que lhes permite reduzir custos a nível logístico, de estrutura e implementação.
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