Comissão Europeia volta atrás e altera exigências Euro 7

Nos últimos 4 anos a Comissão Europeia tem desenvolvido a futura norma de emissões Euro 7, na qual definiu que a partir de 2035, a União Europeia iria proibir a venda de automóveis novos com motor de combustão interna. Esta lei surge no sentido de reduzir as emissões de dióxido de carbono na Europa, especificamente, nas emitidas pelos transportes.
Para além da redução dos gases poluentes (principalmente monóxido de carbono e óxidos de azoto), um dos grandes objetivos da Euro 7 é expandir a sua ação sobre a emissão de partículas por parte dos travões e pneus, bem como a imposição de limites sobre a durabilidade das baterias nos veículos elétricos.
Pelos vários adiamentos da norma Euro 7 é possível perceber que o percurso para chegar a um consenso entre as partes envolvidas não tem sido fácil. Agora as alterações devem-se ao alto descontentamento dos fabricantes automóveis.
Artigo recomendado: O que são as normas Euro de controlo de emissões?
Fabricantes automóveis descontentes com as exigências da Euro 7
A norma Euro 7 anunciada pela EU não foi, de todo, bem recebida pelos fabricantes automóveis, que viram os seus negócios postos em causa repentinamente.
Desde então, o setor automóvel tem vindo a pressionar o poder político para cancelar algumas das medidas anunciadas, enfatizando que se trata de um objetivo demasiado ambicioso, que anteciparia o fim dos carros térmicos, o que seria um ataque com um impacto enorme para o setor.
Esta pressão por parte dos grandes grupos da indústria motivou a União Europeia a repensar a decisão, pelo que as autoridades europeias já concordaram em suavizar algumas das medidas impostas inicialmente.
Euro 7: O que vai mudar?
Atendendo à atual situação sociopolítica e económica, que inclui a invasão à Ucrânia e consequentemente a crise económica global provocada pela guerra, a Comissão Europeia “aceitou rever algumas medidas da nova norma Euro 7”, avançou o jornal alemão POLITICO.
Segundo um novo anexo técnico, obtido pelo POLITICO, os novos padrões não serão mais rigorosos do que as atuais normas Euro 6 para carros a gasolina. Isto significa que os fabricantes automóveis não irão precisar de investir em inovações que possam reduzir a poluição causada por veículos ligeiros na próxima década.
O ideal para os fabricantes automóveis seria mesmo que a data limite para a comercialização de automóveis com motor a combustão fosse para lá de 2035, no entanto a Comissão Europeia não modificou esta data. De forma a “reduzir a pressão sobre os construtores”, principalmente durante um “contexto de inflação elevada”, os responsáveis europeus tencionam diminuir os custos com I&D (Investigação e Desenvolvimento) de novos motores a combustão.
Esta medida, apesar de positiva para o meio ambiente – uma vez que permitiria criar mecânicas menos poluentes – teria um impacto ínfimo e de curta duração, dado que a partir de 2035 já não será possível comercializar automóveis com motor a combustão, pelo que todos os gastos em I&D neste domínio teriam uma utilização de apenas 10 anos.
Artigo recomendado: Venda de carros a combustão na Europa tem fim à vista
Esta alteração deixou os fabricantes automóveis satisfeitos, já que agora poderão investir milhões de euros em veículos elétricos, I&D, baterias elétricas, novas fábricas e equipamentos para as novas necessidades do mercado, em vez de serem obrigados a investir em novos motores a combustão (que teriam apenas um período de 10 anos para monetizar).
Esta mudança face à original norma Euro 7 recebeu imediatamente reações, com a Federação Europeia dos Transportes e do Ambiente a afirmar que “os lucros dos construtores automóveis foram priorizados face à saúde de milhões de pessoas”. Agora resta apenas saber como vai a norma atualizada definir as emissões poluentes e as partículas emitidas pelo motor de combustão, bem como as lançadas para o ar pelos pneus e travões, mesmo com a imposição de limites ao tempo de vida útil das baterias.
Leia também: