4 fevereiro 2023

Citroën AX 4×4: um todo o terreno improvável

Citroen AX 4X4 um todo o terreno improvável

O AX 4×4 nasceu como resposta ao Fiat Panda 4×4, mas nunca chegou a ser tão popular como o italiano, ainda que notáveis credenciais não lhe faltassem. Hoje, as poucas unidades produzidas transformam-no num carro apetecível para juntar a uma coleção, até pelo facto de ter sido um todo o terreno improvável.

O AX foi provavelmente um dos carros mais populares de finais da década de 80 do século XX, mantendo uma posição de destaque até ao fim do último milénio.

O seu nascimento dá-se da investigação de criar um modelo completamente novo que tinha como premissas ser económico em toda a linha: desde os custos de produção até à aquisição, não esquecendo a manutenção e a eficiência (era tão poupadinho que chegou até a conquistar um lugar no Livro de Recordes do Guinness como o carro de produção mais económico).

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Peso-pluma

O Citroën AX chegou em 1986, tendo sido apresentado no Salão Automóvel de Paris, com um impressionante coeficiente aerodinâmico (0,31) e como um peso-pluma, sendo um dos mais leves do seu segmento – chegava a pesar menos 100 kg que a maioria dos carros similares.

Com suspensão dianteira MacPherson e traseira com barra de torção, o sistema de travagem socorria-se de discos dianteiros e tambores traseiros. Nas mecânicas, começaram por ser lançados três grupos propulsores: um motor de 954cc com 45 cv, acoplado a caixa manual de 4 velocidades, um de 1.124cc com 55 cv e um terceiro de 1.360cc com 65 cv, ambos com caixa de cinco relações.

Um AX especial 4×4

Mas o AX ainda tinha um longo caminho a percorrer até a sua produção ser descontinuada, em 1998. E versões, algumas especiais, não faltaram.

Uma foi o Citroën AX 4×4, lançado em 1991 como resposta ao Fiat Panda 4×4 e que conseguia ter um comportamento único na montanha, inclusive se gelada.

Equipado com tração às quatro rodas comutável, o AX 4×4 servia-se da mesma mecânica do AX GTi: motor de 1.360cc, mas a debitar 75 cv em vez dos 98 da apimentada variante desportiva. O binário máximo de 114 Nm dava-lhe o empurrão de que precisava para ultrapassar algum obstáculo.

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Em termos de corpo, viu a sua altura ao solo aumentar e recebeu proteções em plástico para lidar com a agrura do todo o terreno. No entanto, não era fácil distingui-lo da restante irmandade: a inscrição de 4×4 na tampa da bagageira e nas portas eram suficientemente discretas para passarem despercebidas.

Claro que não seria o amigo que se quisesse levar para enfrentar duras provas de todo o terreno, mas lidava extremamente bem com caminhos agrícolas, trilhos florestais e encostas nevadas.

No entanto, pecava por ser mais caro do que o Panda 4×4, o que ditaria a fraca procura, mas também os reduzidos números de carros produzidos: terão saído da linha de montagem cerca de 400 antes de ser descontinuado um ano depois de ter começado a ser fabricado.

E, claro, não nos podemos esquecer que, ainda que a popularidade dos sport utility vehicles (SUV) seja atribuída ao Nissan Qashqai, lançado em 2007, a década de 90 foi profícua em modelos que tão depressa se adaptavam ao asfalto como à terra, à areia, à lama ou à neve. Casos do Opel Frontera, Toyota RAV4 e Suzuki Vitara.

Mas o que parecia mau na época, transformou o Citroën AX 4×4 num objeto de desejo mais de 30 anos depois, com valores no mercado dos clássicos que podem surpreender.

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