16 agosto 2025

Volkswagen abandona nomenclatura “ID” nos elétricos: será o fim de uma era futurista?

Nova Volkswagen ID.7 Tourer frente

A Volkswagen decidiu terminar a era "ID" na sua gama de veículos elétricos, anunciando internamente em fevereiro o regresso às designações tradicionais e icónicas da marca. A mudança, liderada pelo CEO do grupo, Thomas Schäfer, foi recebida com entusiasmo pela equipa e vai marcar uma reviravolta estratégica na companhia após anos de identidade futurista.

A sigla "ID" (apresentada como as iniciais de "Intelligent Design" e representando uma nova abordagem de estilo e também técnica de olhos postos no futuro) foi o estandarte da revolução elétrica da Volkswagen desde o lançamento do ID.3 em 2019. Contudo, entendem os responsáveis que designações como ID.4, ID.5 ou ID.Buzz nunca criaram raízes emocionais junto dos consumidores. Schäfer, em declarações à imprensa, justificou a decisão com clareza: "Nomes icónicos não devem morrer", sublinhando a necessidade de simplicidade e reconhecimento imediato.

Polo elétrico como primeiro embaixador

O primeiro representante desta transição será o compacto inicialmente designado "ID.2". Segundo fontes do Wolfsburger Allgemeine Zeitung e do portal news38.de, o modelo será apresentado com um novo nome já no Salão IAA Mobility em Munique, que se realiza entre 9 e 14 de setembro de 2025. Tudo indica que ressuscitará uma lenda. E o Polo, embora se mantenha no ativo (começou a ser produzido na Alemanha 1975!), surge como favorito incontestável, sinalizando o regresso de uma aposta forte na herança da marca.

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O que falhou no futurismo "ID"?

Especialistas apontam duas razões claras para a mudança: frieza técnica e falta de clareza. Helena Wisbert, da Universidade de Ciências Aplicadas de Ostfalia, explica que "os nomes 'ID' soaram sempre como códigos de laboratório, não como automóveis. Afastaram clientes que valorizam a tradição e a fiabilidade associadas a nomes como 'Golf' ou 'Passat'."

Já Stefan Reindl, do Instituto de Economia Automóvel, acrescenta: "Um 'Polo Elétrico' comunica instantaneamente história e segmento. Um 'ID.2' é abstrato e desprovido de emoção."

Mas há também quem defenda que a estratégia "ID" criou um universo paralelo aos modelos térmicos que não foi benéfico para a coesão da marca. E que o regresso à nomenclatura clássica vai unificar o portfólio, independentemente da motorização.

Implicações estratégicas de uma aposta que não vingou

Tempo perdido? Enquanto se discute agora o impacto de uma estratégia que não vingou, a decisão da Volkswagen reflete para já uma reconciliação da marca com a sua essência.

Ao abandonar o futurismo estilizado dos "ID", os alemães reconhecem que a transição elétrica não exige apagar o passado – pelo contrário, pode ser alavancada por ele. O sucesso desta aposta será medido não só nas vendas, mas também na redescoberta do vínculo emocional que sempre definiu os automóveis da marca alemã. O tempo dirá.

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