Primeira carrinha elétrica da Mercedes oferece autonomia revolucionária
À primeira vista, o que chama logo à atenção no novo CLA Shooting Brake é a frente agressiva, marcada pela grelha frontal iluminada com 142 estrelas e o enorme teto panorâmico integral, fabricado com vidro de baixa emissividade e filtro de infravermelhos (para climas soalheiros como o de Portugal, será crucial a opção de vidro eletrocrómico, que permite alterar instantaneamente o teto de transparente para translúcido, controlando luz e calor), Depois, a silhueta muito aerodinâmica, a disfarçar bem o aumento das proporções.
A carrinha cresceu em todas as direções: +35 mm em comprimento (totalizando 4,72 m), +25 mm em largura (1,86 m) e +27 mm em altura (1,47 m). A distância entre eixos esticou-se 62 mm, alcançando generosos 2,79 metros. Estas medidas deixam adivinhar um habitáculo significativamente mais amplo. Contudo, a realidade, segundo medições rigorosas da própria Mercedes, é mais subtil…
O espaço para os ocupantes dianteiros aumenta, mas os passageiros traseiros encontram-se com ligeiramente menos espaço para as pernas e uma largura reduzida à altura dos ombros, compensada apenas por uma altura do teto ligeiramente maior (+7 mm). O compromisso mais visível está na bagageira, que perde 30 litros de capacidade face à geração anterior, ficando com 455 litros. A boa notícia é que as versões elétricas recuperam parte desta perda com um porta-bagagens dianteiro (frunk) útil de 101 litros, convenientemente iluminado.
Autonomia referencial, mas desafios na recarga
A nova Shooting Brake da Mercedes-Benz deriva do CLA Coupé, modelo com que partilha as duas variantes totalmente elétricas: CLA 250+ Shooting Brake EQ, com um motor de 272 cv de potência, e CLA 350 4MATIC Shooting Brake EQ, com dois motores, tração integral e 354 cv.
Ambas partilham uma bateria de iões de lítio de 85 kWh com química NMC, proporcionando autonomias WLTP impressionantes: 761 km para o CLA 250+ e 730 km para o CLA 350 4MATIC.
Contudo, a escolha tecnológica mais impactante – e potencialmente controversa – é a adoção de uma arquitetura elétrica de 800 volts. Esta decisão traz um senão significativo: incompatibilidade com a rede de carregadores de 400 volts, ainda dominante na Europa. Enquanto a infraestrutura de 800 volts se desenvolve, esta limitação pode dificultar viagens longas. Quando disponível, o carregamento ultrarrápido a 320 kW é possível. Em AC, o máximo é de 22 kW.
Outra particularidade técnica é a transmissão de duas relações, uma raridade no mundo elétrico (partilhada apenas com modelos como o Porsche Taycan), visando otimizar eficiência e performance.
Híbrido ligeiro a caminho
Para quem ainda não aderiu ao elétrico (ou já fez marcha-atrás de regresso aos motores térmicos…), a Mercedes prepara pelo menos uma versão híbrida ligeira (MHEV) para estrear no início de 2026. Esta unidade terá por base um motor a gasolina 1.5 litros de 4 cilindros (ciclo Miller), acoplado a um motor elétrico integrado numa caixa de 8 velocidades (8F-eDCT) e uma bateria de 1.3 kWh, a prometer condução elétrica em baixas velocidades e solicitações de potência moderadas (até 20 kW). Estará disponível com tração dianteira ou integral (4MATIC).
Tudo somado, o CLA Shooting Brake combina um design moderno e inconfundível, uma autonomia líder que promete aliviar a ansiedade de alcance, opções a combustão e um interior repleto de tecnologia de ponta e personalização, sendo o cockpit dominado por três ecrãs digitais: um de 10,3 polegadas para os instrumentos do condutor, e dois gigantescos de 14 polegadas – um para o infotainment e outro, opcional, para o passageiro. A informação crítica pode ser projetada diretamente no para-brisas através de um head-up display avançado.
A interação atinge novos patamares com o sistema operativo MBUX, agora integrado com ChatGPT4, Microsoft Bing Search e Google Gemini, permitindo diálogos naturais e acesso a informações complexas. O planeamento de rotas com paragens de carga é otimizado através do Google Maps integrado. A conectividade é reforçada por portas USB-C de 100W, capazes de alimentar até computadores portáteis.