20 maio 2021

Mobilidade a hidrogénio só para setores específicos

carro a hidrogénio
Warsaw, Poland - November, 21th, 2015 - Refueling the hydrogen to the car on the hydrogen filling station. The European Union is planned expansion the hydrogen stations in future. The hydrogen replaces gasoline as fuel in future.

Numa altura em que a necessidade de cortar emissões é cada vez mais premente, o hidrogénio é trabalhado pela indústria automóvel, sobretudo por marcas nipónicas. Mas, um grupo de investigadores considera que essa não é a solução – para já.

Um grupo de investigadores concluiu que os combustíveis à base de hidrogénio deverão ser utilizados principalmente em setores que não podem ser eletrificados, como a aviação ou a indústria, excluindo os automóveis da equação. É que, dizem estes especialistas, a produção de hidrogénio permanece um obstáculo à sua democratização, pelo facto de ser “ineficiente, dispendiosa e incerta”. Além disso, os investigadores não veem nenhuma mais-valia para o ambiente na aposta no hidrogénio quando os combustíveis fósseis ainda são usados para a circulação.

Desvantagens dos combustíveis à base de hidrogénio

“Os combustíveis à base de hidrogénio podem ser grandes portadores de energia limpa, mas grandes são também os seus custos e riscos associados”, disse um dos autores do estudo do instituto alemão Potsdam de Investigação sobre o Impacto Climático. Mais: o cientista classifica a ideia de que os combustíveis à base de hidrogénio possam ser uma solução como uma “promessa falsa” – pelo menos ao longo da próxima década, período durante o qual, afirma, se manterão escassos e nada competitivos. Resultado: o facto de ser demasiado dispendioso, pode conduzir a um aumento dos produtos à base de combustíveis fósseis, pondo em causa os objetivos climáticos.

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Assim, o estudo defende que o hidrogénio deverá ser prioritariamente utilizado na aviação de longa distância e na indústria química e produção de aço, e outros processos que necessitem de altas temperaturas e que dificilmente podem ser eletrificados.

O hidrogénio é produzido separando as moléculas da água (em hidrogénio e oxigénio), um processo que necessita de grandes quantidades de energia. Se essa energia for limpa ao resultado chama-se hidrogénio verde. Esse hidrogénio pode depois ser usado para produzir células de combustível, que podem ser armazenadas.

“Mais importante ainda, os e-fuels podem ser queimados em processos e motores de combustão convencionais e assim substituir diretamente os combustíveis fósseis”, explicou outro autor do estudo, ressalvando que, “dada a sua disponibilidade limitada, seria errado pensar que os combustíveis fósseis podem ser totalmente substituídos desta forma”.

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Além disso, o documento defende que é necessário fazer um uso eficiente da eletricidade proveniente de fontes renováveis, o que retira da equação o hidrogénio, já que usar combustíveis à base deste elemento pode consumir até 14 vezes mais energia. Para os investigadores, as contas são simples: conduzir um carro movido a hidrogénio precisa de cinco vezes mais energia do que um que seja elétrico.

No entanto, o que é uma realidade hoje pode transformar-se dentro de 20 ou 30 anos. É que, diz o mesmo estudo, caso haja um progresso tecnológico contínuo e subsídios ao investimento no hidrogénio, os preços para os novos combustíveis de hidrogénio podem baixar até 2050 e tornar-se competitivos até 2040. Mas, o futuro é agora e a urgência climática não pode esperar mais duas décadas. Por isso, conclui o estudo, os carros movidos a eletricidade são a resposta imediata.

 

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Estas conclusões surgem numa altura em que Portugal se prepara para receber o primeiro carro a pilha de combustível. A Toyota vai avançar com a oferta do Mirai de segunda geração, assim que os postos de abastecimento de hidrogénio (estão previstos três: um a norte, outro na zona da Grande Lisboa e um terceiro a sul) estiverem concluídos, mas o importador da marca prepara-se para apresentar o automóvel ao mercado nacional já este mês.

No entanto, não é expectável que o automóvel atraia, para já, muitos interessados, pelo preço (a berlina deverá chegar por valores acima dos 50 mil euros) e pelos escassos pontos de abastecimento. A seu favor, chega com cinco lugares (a primeira geração tinha apenas quatro) e com capacidade para percorrer até 850 quilómetros com um único abastecimento, que demora em torno de 3 minutos, graças à existência de três tanques.

Outra marca que tem vindo a investir na tecnologia a hidrogénio é a Honda, tendo lançado recentemente o Clarity Fuel Cell, com autonomia para mais de 700 quilómetros, em mercados selecionados – Portugal mantém-se para já fora deste restrito grupo.

 
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