14 outubro 2025

Itália acelera nos incentivos aos carros elétricos e ultrapassa Portugal

carros elétricos

Em 2025, o Governo italiano relançou um programa de incentivos destinado a estimular a aquisição de veículos elétricos puros (categoria M1) e veículos comerciais elétricos (categorias N1 e N2), baseando-se em critérios de necessidade social e rotação do parque automóvel.

O decreto ficou conhecido como “Ecobonus 2025” e está previsto que funcione até 30 de junho de 2026, embora os fundos possam esgotar-se antes dessa data. O montante global destinado é de cerca de 597 milhões de euros, proveniente de verbas do PNRR (Plano Nacional de Recuperação e Resiliência).

Beneficiários e valores dos incentivos

Particulares

Os particulares com rendimento familiar anual avaliado até 30?000?€ (com base no indicador económico ISEE, que mede a situação financeira global do agregado) poderão receber um incentivo até 11?000?€. Já quem tem um ISEE entre 30?000?€ e 40?000?€ poderá beneficiar de até 9?000?€, desde que cumpridos outros requisitos.

Mas atenção: o incentivo está condicionado ao abate de um veículo térmico ou poluente, tipicamente até Euro?5, que deve estar em nome do beneficiário há pelo menos 6 meses.

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Além disso, é exigido que o beneficiário resida numa área urbana funcional, isto é, zonas metropolitanas ou periurbanas com fluxos de mobilidade intensa. Outro ponto controverso: as áreas montanhosas foram explicitamente excluídas, o que gerou críticas de que o regime penaliza moradores de zonas interiores.

Há ainda um limite no preço do veículo a adquirir, de modo a garantir que os apoios não se destinam a modelos de luxo.

Microempresas

As microempresas podem beneficiar do incentivo para veículos comerciais elétricos (N1/N2), desde que usados para transporte de mercadorias. O apoio cobre até 30% do valor do veículo, com um teto de 20?000?€ por unidade. Cada microempresa pode candidatar-se a um máximo de dois apoios.

Quem fica de fora e críticas ao regime

Apesar das boas intenções, o Ecobonus 2025 já enfrenta críticas. A principal prende-se com o facto de metade da população italiana ficar excluída devido ao critério geográfico. Residentes fora das áreas urbanas funcionais não podem beneficiar do apoio, o que deixa de fora zonas rurais, interiores ou regiões montanhosas.

Além disso, o programa tem sofrido atrasos na sua ativação, com previsões iniciais para setembro que escorregaram para outubro. A atualização dos mapas do ISTAT, o instituto nacional de estatística italiano que define as zonas urbanas e rurais, e alguns problemas de organização têm gerado dúvidas sobre a aplicação prática e rápida da medida.

Também foi descartado o uso do “eco?score”, uma métrica que avaliaria o impacto ambiental dos modelos elegíveis, devido a entraves técnicos.

Quando e como será efetuado

A data oficial de início foi fixada para 15 de outubro de 2025. As candidaturas serão geridas por via digital através da plataforma da Sogei, onde compradores, concessionárias e fabricantes devem registar os dados das aquisições.

Os incentivos serão aplicados sob a forma de desconto direto no ato da compra, e não como reembolso posterior. O programa estará em vigor até 30 de junho de 2026 ou até esgotar os fundos.

impactos esperados e desafios

Com este regime, o governo italiano pretende retirar de circulação cerca de 39?000 veículos poluentes, substituindo-os por elétricos.

Contudo, a eficácia do incentivo depende de outros fatores, nomeadamente a distribuição da infraestrutura de carregamento, que é desigual. A maioria dos pontos de carregamento concentra-se no norte do país, deixando as regiões do sul e as ilhas com cobertura limitada.

Além disso, as críticas ao critério geográfico continuam a gerar controvérsia. Muitos analistas alertam para o risco de exclusão social e territorial, uma vez que apenas quem vive em grandes centros poderá usufruir plenamente do apoio.

E em Portugal, como se comparam os apoios?

Em Portugal, os incentivos à compra de carros elétricos são menos generosos do que os previstos em Itália para 2025. O programa atual prevê um apoio de até 4?000€ para particulares na aquisição de veículos ligeiros 100 por cento elétricos, valor que pode subir ligeiramente se for incluída a retoma de um veículo antigo. A dotação total para este apoio, gerido pelo Fundo Ambiental, é limitada e sujeita a esgotamento rápido, como tem acontecido em anos anteriores. Adicionalmente, os veículos elétricos estão isentos de ISV e IUC, o que representa uma vantagem fiscal a longo prazo. No entanto, ao contrário de Itália, Portugal não impõe critérios de rendimento ou localização geográfica, tornando o apoio mais acessível, embora menos direcionado a perfis vulneráveis. A grande diferença continua a ser o valor dos incentivos, bastante inferior face ao que é agora oferecido no mercado italiano. Mais informações sobre os apoios portugueses podem ser consultadas em fundoambiental.pt.

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