Haverá vida para os motores a combustão após 2035?

De acordo com um documento citado pela Reuters, a Comissão Europeia está a considerar a possibilidade de permitir a venda de carros novos com motor de combustão após 2035, desde que usem combustíveis neutros em carbono. Para isso, a proposta sugere a criação de uma nova categoria de veículos na União Europeia, que seria obrigada a usar tecnologia que impedisse o seu funcionamento caso fossem utilizados outros tipos de combustível.
A decisão de permitir a venda de carros com motores de combustão após 2035 que usem combustíveis neutros em carbono, é vista como uma tentativa de resolver a controvérsia com a Alemanha, que recuou no apoio ao fim dos motores de combustão.
A atitude alemã foi considerada como um retrocesso e uma ameaça aos esforços realizados nos últimos dois anos no âmbito do Euro 7, que regula as emissões de gases poluentes dos veículos novos e faz parte do plano Europeu Green Deal.
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Alemanha dá passo atrás
Depois de uma conferência em Estrasburgo, em França, um conjunto de países liderados pela Alemanha (incluindo a Itália, Polónia, Bulgária e a República Checa) sugeriu uma revisão da proposta para proibir a venda de automóveis novos com motores de combustão a partir de 2035. As preocupações alemãs surgiram no último momento, após meses de negociações durante o ano de 2022 e que culminaram num acordo entre os Estados-Membros e o Parlamento Europeu.
Alguns dias antes de uma votação final decisiva que poderia implementar a proibição planeada, o ministro dos Transportes da Alemanha surpreendeu os outros países com um pedido: a autorização para comercializar carros com motores de combustão movidos a combustíveis neutros em carbono.
França mantém a sua posição
Mesmo com as novas exigências agora impostas, França garantiu que irá continuar a apoiar o plano inicial para 2035 e está disposta a lutar pela sua aprovação, já que adiá-lo seria não só um erro ambiental mas também económico, de acordo com Bruno Le Maire, Ministro da Economia francês.
Para além de França, outros países como a Espanha, Bélgica, Suécia, Dinamarca, Irlanda e os Países Baixos mostram também o seu apoio em aprovar a legislação para o fim dos motores de combustão em 2035.
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Qual a posição de Portugal?
Questionado pela estação televisiva CNN quanto à sua posição relativamente ao plano para o fim dos motores a combustão até 2035, o gabinete do Ministério do Ambiente e da Ação Climática esclareceu que “Portugal mantém a sua posição face à orientação geral alcançada, em junho do ano passado, no âmbito do debate sobre o regulamento CO2”. Por outras palavras, Portugal está de acordo com o objetivo de atingir a neutralidade de emissões de carbono nos novos carros até 2035, que faz parte da meta mais ampla de alcançar a neutralidade climática até 2050.
O primeiro-ministro português, António Costa, também se pronunciou, destacando que Portugal continua a apoiar a iniciativa de proibir a venda de carros novos movidos a combustão a partir de 2035, como parte do Pacto Ecológico Europeu. “Não, Portugal não está a pensar mudar de posição, acho que é muito claro que devemos manter as nossas metas para a transição ecológica”, afirmou o primeiro-ministro.
António Costa enfatizou também a importância de realizar a descarbonização da economia como um objetivo essencial que deve ser alcançado “tendo uma visão aberta sobre o conjunto das tecnologias que pretendem alcançar este objetivo”, de forma a atingir a neutralidade climática da União Europeia até 2050.
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