Garagisti GP1, o regresso triunfal à era analógica com 800 cv

Num mundo automóvel cada vez mais dominado por ecrãs táteis, motores silenciosos e assistências digitais, eis que surge um farol de esperança para os puristas. A Garagisti & Co., um pequeno mas audacioso construtor britânico, acaba de desvendar o GP1: um superdesportivo analógico que é, ao mesmo tempo, um verdadeiro manifesto sobre técnica e uma celebração visceral do prazer de conduzir.
Design: uma homenagem ao passado
Uma explosão de nostalgia com ares de modernidade. Se descrevermos assim as linhas do GP1, da autoria de Ángel Guerra (cuja mão já se viu em obras-primas como o Bugatti Mistral e o Rimac Nevera), não andaremos longe daquilo que foi pretendido.
A Garagisti & Co não escondeu a intenção de render um tributo direto aos ícones dos anos 70 e 80, como o lendário Lancia Stratos HF Zero e o intemporal Lamborghini Countach.
O perfil em cunha, a janela traseira vertical e os enormes para-lamas são o resultado prático dessa filosofia. Mas não se engane: este não é um exercício de “retro copy-paste”. A traseira, com os seus quatro tubos de escape alinhados e um difusor de dimensões quase absurdas, não é apenas show off – é tudo absolutamente funcional, gerando uma impressionante “downforce” de 850 kg através de efeito solo, mantendo a estética limpa e pura.
A frente, bem mais genérica, mas não menos elegante, é dominada por uma barra de luz completa, num gesto contemporâneo que contrasta com o resto do design.
Um V12 que canta até às 9000 rpm
Se o exterior é todo ele emoção, o que se esconde debaixo da carroçaria de fibra de carbono deixa qualquer fã de puros desportivos com pele de galinha. A Garagisti optou por nada menos que um motor V12 naturalmente aspirado de 6.6 litros, desenvolvido de raiz pela especialista italiana Italtecnica – a mesma empresa por trás dos motores de competição do Maserati MC12 GT1 e Ferrari 550 GTC.
Sem turbos, sem eletrificação. Apenas 12 cilindros a respirar livremente, entregando 800 cv de potência e 700 Nm de binário, com um regime máximo de rotação que atinge as estrondosas 9.000 rpm. Quase podemos ouvir o som que emana deste propulsor como uma “banda sonora mecânica reminiscente dos motores de competição de uma era passada”, garante o preparador.
Caixa manual num peso-pluma
No GP1, toda a potência é entregue às rodas traseiras através de uma caixa de velocidades manual com seis relações, desenvolvida pela Xtrac. Num gesto quase revolucionário nos dias de hoje, a Garagisti rejeitou duplas embraiagens automatizadas e as habituais patilhas no volante, colocando a conexão entre condutor e máquina acima de tudo. O seletor da caixa surge elevado, quase ao lado do volante, num interior que convida à condução pura e remete para o universo da competição.
De forma a garantir que toda esta potência é bem aproveitada, a marca apostou numa dieta radical. O GP1 é construído sobre um monocoque de fibra de carbono e pesa apenas 1.000 kg (peso seco). Isto significa uma relação peso/potência simplesmente brutal de cerca de 1,25 kg/cv. Para colocar em contexto, é um peso semelhante ao de um citadino (pequeno!), mas com a potência de cinco utilitários despachados.
A gestão de chassis fica a cargo de especialistas como a Brembo (travagem) e a Öhlins (suspensão), garantindo que toda esta performance encontra paralelo em matéria de equilíbrio dinâmico.
Interior minimalista
Ao entrar no habitáculo, não há ecrãs gigantes, não há superfícies táteis, nem nenhum tipo de distração digital. O tablier do GP1 é um exercício de minimalismo luxuoso, claramente inspirado no lendário Porsche Carrera GT.
O condutor dispõe de um painel de instrumentos digital, mas discreto, que exibe apenas a informação essencial: velocímetro, conta-rotações e temperaturas. O resto é pele de alta qualidade, alumínio e carbono, num ambiente que privilegia a sensação de controlo absoluto e a conexão com a estrada.
Naturalmente, tamanha pureza e exclusividade têm um preço. E um preço elevadíssimo.
Ultralimitado… e caro!
Cada exemplar do GP1 terá um custo base, antes de impostos, de 2,45 milhões de libras (cerca de 2,83 milhões de euros), e a produção será estritamente limitada a 25 unidades, cada uma delas altamente personalizável de acordo com os desejos do seu proprietário.
Os primeiros 12 felizardos serão integrados num programa exclusivo chamado “Open Doors”, que lhes dará acesso privilegiado ao processo de desenvolvimento e engenharia do carro. Porque o GP1 é sobre isso mesmo.
Não será nunca um modelo para bater recordes de volta no Nürburgring, mas um carro para fazer recordar porque é que nos apaixonamos pelos automóveis em primeiro lugar…