Longe vão os tempos em que as pick up eram apenas carros de trabalho. Cada vez mais este tipo de automóveis se têm tornado mais convenientes e mais fáceis de conduzir, mas também mais exuberantes e exclusivos, e talvez por isso têm agradado a tantos clientes nos tempos mais recentes.
A Ford Ranger Raptor é o expoente máximo das pick-up na Europa, sendo a líder de vendas, mas também impressionante no conforto, na tecnologia, e claro, nas aptidões fora de estrada.
A Ford Ranger Raptor é grande. Muito grande. Este é o primeiro adjetivo que nos vem à cabeça quando a vemos na rua, e é sobretudo a primeira sensação que temos quando nos sentamos ao volante.
A verdade é que as linhas musculadas desta pick-up em nada mascaram os 5,36m comprimento, os 1,93m de altura e 2,21m de largura, e sobretudo quando a conduzimos em cidade percebemos que nem todos os lugares de estacionamento foram pensados para este tipo de automóveis.
Mas não é em cidade que se quer uma pick-up, apesar da Ford Ranger Raptor estar mais habilitada do que nunca a andar nela. Este automóvel é um espírito livre, e é precisamente aqui, no meio da natureza que se sente verdadeiramente em casa, e que nos mostra que as estradas nunca têm fim, mesmo quando o alcatrão acaba.
Face à geração anterior, a Ford Ranger Raptor apresenta um design ainda mais agressivo, com a grelha frontal a manter o monograma Ford, mas agora com dimensões ainda mais generosas, para arrefecer os potentes motores que equipam a nova geração.
Ao tradicional diesel 2.0 biturbo EcoBlue de 210cv, junta-se agora um inédito V6 a gasolina com quase 300cv de potência, que ajudam a “americanizar” ainda mais a Ford Ranger.
Ainda na nova dianteira, que tomou proporções mais verticais que a antecessora, encontramos os novos faróis LED em forma de “C”, e é possível também observar as proteções inferiores, bem como os reforços feitos pela Ford Performance de forma que esta Ranger Raptor “aguente” os maus tratos fora do asfalto.
A tornar a estética ainda mais dramática, na lateral encontramos proteções a negro em torno das caves de roda, impressionantes pneus off road de 17’’, e ainda os opcionais stickers decorativos com a incrição Raptor.
Interior
Mas se o exterior impressiona, o interior não lhe fica nada atrás. O interior desta Ford Ranger Raptor sofreu uma autêntica revolução face à geração anterior, e era mesmo este o passo que faltava para tornar esta pick-up num carro incrível para o dia-a-dia.
Os plásticos, ainda que muitos deles rijos, são notoriamente bem montados, mas o interior conta agora com acabamentos de materiais interessantes e suaves no topo das portas e no tablier que lhe dão um ar mais premium.
Os elementos em laranja, são exclusivos da Ranger Raptor e também dão outra alegria a este interior, elementos que também encontramos nos muito bem conseguidos bancos dianteiros, com um bom suporte e elevado conforto, seja para longas viagens em autoestrada ou a criar caminhos fora de estrada.
Neste interior, totalmente redesenhado, o destaque vai sem dúvida para o novo sistema multimedia, semelhante ao que encontramos por exemplo no Mustang Mach-E, com 12,4’’ e colocado numa posição vertical, e que integra conectividade Apple CarPlay e Android Auto, através de ligação sem fios.
Ainda assim, a Ford lembrou-se que a ergonomia e acessibilidade não podem ser descoradas num automóvel nasceu para “o trabalho”, e dotou esta Ford Ranger Raptor com atalhos físicos, tanto para a climatização, como para o sistema áudio premium, que tem assinatura Bang & Olufsen e anula quaisquer ruídos da deslocação do ar durante as viagens a velocidades mais elevadas.
Ao volante
A Ford Ranger Raptor tinha tudo para ser um automóvel irracional, mas a Ford conseguiu transformá-lo num dos familiares mais práticos que qualquer pessoa pode comprar. Sim, podem isolar esta frase e mostrá-la à vossa cara metade para a convencer.
Mas eu explico racionalmente: as suspensões Fox são incrivelmente eficientes aqui, fora de estrada, mas também oferecem muito em estrada, e mesmo em viagens longas, este é um carro que não fadiga o corpo, porque praticamente todas as irregularidades são absorvidas quer pelos pneus numa primeira fase, quer pela suspensão numa segunda.
Estas suspensões oferecem agora a tecnologia “Livre e Valve”, ou seja, alteram o seu comportamento dependendo do que está a acontecer no momento, tornando mais mole ou rijo o seu amortecimento.
Espaço é também coisa que não falta, e ali atrás existem 3 verdadeiros assentos, para 3 adultos, com espaço em abundância. E quando à bagageira, é no fundo uma caixa, com 1.56m de comprimento, 1.22m de largura e 53cm de altura. Contas feitas, são mais de 1000L de volumetria, portanto, é fácil imaginar a quantidade de malas e sacos que podemos armazenar nesta caixa, e que se optarmos também por adicionar a cobertura elétrica, ficam totalmente isolados dos elementos e seguros.
Além disso, é também possível equipar a Raptor com uma tomada doméstica no compartimento de carga, algo muito útil para encher os brinquedos da praia, pranchas, barcos, ou até os pneus de motas ou bicicletas que podem ser transportadas naquele espaço, desde que o conjunto não exceda os 400kg de peso.
Mas caso o espaço ali atrás acabe, e se a capacidade de reboque for uma necessidade, então é aqui que esta Ranger Raptor esmaga a concorrência, em particular, nesta versão diesel, que por muito que me custe dizer, é a acertada.
No que toca a performance, neste diesel perdemos cerca de 2.5 segundos na aceleração dos 0 aos 100km/h, mas na verdade isso, pouco ou nada importa neste tipo de automóveis, porque o que conta é a força, e aí no diesel temos mais binário, e disponível em rotações mais baixas. São 500Nm disponíveis logo às 1750rpm, o que lhe permitem rebocar uns impressionantes 2500kg de peso.
Além disso, pelo factor de ser um 4 cilindros em vez de um V6, também temos menos peso, o que a ajuda a ser ainda mais ágil.
Modos de condução existem 7. Normal/Sport/Molhado/Lama/Areia e Baja. Existe ainda um botão R no volante para configurar um modo à nossa medida. No seletor dos modos de condução, encontramos ainda o seletor dos modos de tração: 2H (tração traseira), 4A(com a gestão a ser feita automaticamente), 4H (tração integral permanente em altas) e 4L (tração integral permanente em baixas). O botão para aceder ao modo off-road está disponível logo abaixo, onde podemos bloquear ou desbloquear os diferenciais, assim como também desligar o controlo de tração para uma maior liberdade fora de estrada.
Ainda no capítulo da personalização, e para aceder mais rápido às varias facetas que esta Ford pode oferecer, no volante encontramos três botões que nos permitem ajudar a reatividade da suspensão (Normal/Sport/Off-road), a direção nos mesmos níveis da suspensão.
Mas para além de brilhar fora de estrada, esta Raptor agora brilha também no asfalto.
A direção mostra-se bem calibrada, muito mais do que na anterior geração, mesmo aqui mo asfalto, onde é agora mais fácil entender o que se passa no eixo dianteiro, mesmo com estes pneus off-road, de filosofia mais aventureira, que não deixam grande margem para dinamismo, e sobretudo em alcatrão molhado não permitem grandes aventuras, mas sobretudo não prejudicam o conforto.
Mas graças a esta suspensão e a economias de combustível muito aceitáveis para um automóvel desta natureza, com consumos a rondar a casa dos 11L/100km percorridos, graças à caixa de velocidades de 10 relações, tantas que por vezes nem sentimos o motor a mudar de regime, e que em conjunto com um tanque de combustível de 80L de capacidade, nos permite percorrer mais de 700km entre paragens, ou seja, percorrer Portugal de Norte a Sul sem qualquer paragem para abastecimento.
E se tivermos em conta que o preço desta Ford Ranger Raptor diesel começa nos 60.489€ + IVA, cerca de 10.000€ menos que a versão a gasolina, essencialmente o preço de um carro elétrico, mas com muito mais autonomia, o mesmo nível de equipamento e tecnologia, mas muito mais diversão fora de estrada, talvez isso explique o enorme sucesso que esta pick-up tem feito no nosso mercado.
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