10 outubro 2022

Escassez de vidro pode ser a próxima crise da indústria automóvel

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Após a escassez de semicondutores e dos cabos de fibra ótica, parece que outra crise, potencialmente disruptiva para a indústria automóvel se aproxima. Provocada pelo aumento dos custos de energia, poderemos ter em breve uma verdadeira escassez de vidro, em particular, para-brisas e janelas de carros.

Por enquanto, esta crise de vidro ainda só está a afetar a Europa, no entanto a marca automóvel Volkswagen já começou a armazenar para-brisas e janelas de carros para se proteger contra a escassez iminente e o (muito) possível aumento significativo do custo do vidro.

Volkswagen armazena janelas e para-brisas

Em 2021, o Grupo Volkswagen “sentiu na pele” o impacto da crise dos semicondutores. As vendas do grupo desceram 6,3% devido à falta de chips, tendo produzido um total de 8,6 milhões de automóveis.

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Tal como não é possível concluir um carro sem chips, o mesmo se pode dizer das janelas ou para-brisas. Sem estes elementos, é impossível haver novos carros a sair para o mercado.

Agora, de forma a evitar que aconteça o mesmo que aconteceu no ano passado, a marca já começou a armazenar janelas e para-brisas. A preocupação com a crise do vidro é tal que um representante da marca já confirmou que a Volkswagen está a fazer de tudo para que não lhe falte vidro para a conclusão dos automóveis, procurando até  fornecedores fora do velho continente.

Aumento do preço do vidro

A fabricação de vidro envolve a fusão de areia, carbonato de sódio e calcário a temperaturas entre os 1200 e 1400 graus, o que requer grandes quantidades de gás natural, cujos preços dispararam desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. 

A situação torna-se ainda pior para empresas sediadas na Alemanha (como é o caso da Volkswagen), uma vez que 40% do gás natural é importado da Rússia, deixando estas empresas mais expostas à volatilidade imposta pelo Kremlim, que podem incluir aumentos de preços neste inverno, deixando as empresas e consequentemente os consumidores em situações complicadas.

A indústria automóvel não é a única a ser afetada

O produtor de cerveja alemã Brauerei C. & A. Veltins, que normalmente compra garrafas ao longo do ano, comprou 50 milhões de garrafas de uma só vez, o que afirma ser suficiente para durar um ano. Tal decisão foi tomada porque os preços do vidro dispararam até 90%.

Para além da indústria automóvel e das bebidas alcoólicas, a escassez de vidro pode afetar cadeias de fornecimento de muitos outros setores que utilizem vidro, como é o caso dos ecrãs dos smartphones, medicamentos, refrigerantes, entre outros produtos que sejam embalados em vidro ou usem vidro para a sua criação.

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Alternativas ao vidro

Atualmente os produtores de vidro já começaram a aumentar os preços dos seus produtos em cerca de 35%, apesar de que estes preços possam vir a aumentar ainda mais. A preocupação é que esse custo passe para o consumidor, o que significa que não só os preços dos carros irão aumentar como também bens de primeira necessidade, como alimentos e bebidas empacotados em embalagens de vidro.

Caso os preços comecem a aumentar demasiado para o consumidor prevê-se que os consumidores comecem a exigir embalagens alternativas mais baratas como garrafas de plástico ou cartão e recipientes de plástico para alimentos.

Apesar de já estarem a ser testadas alternativas, a verdade é que mesmo com o aumento do preço, o vidro não deixa de ser um material totalmente reciclável, pelo que continua a ser uma das opções mais ecológicas para armazenar alimentos e bebidas, principalmente numa altura em que tanta importância e atenção se dá a opções mais ecológicas e sustentáveis.

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