Escassez de magnésio na China ameaça indústria automóvel

A China prepara-se para cortar na produção de magnésio, de forma a reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, como parte de um programa abrangente para conter o consumo de energia. Com 900 mil toneladas, a China detém 87% da produção mundial de magnésio, e uma grande parte dela vem de Yulin, uma cidade na província de Shaanxi. Apesar de ser uma medida positiva a nível ambiental, a redução na produção de magnésio pode tornar-se numa situação complicada para o mercado mundial, já que a China representa 81% das exportações globais de 385 mil toneladas.
Para limitar a emissão de gases com efeito de estufa, em Setembro de 2021, a Comissão Municipal de Desenvolvimento e Reforma de Yulin introduziu algumas restrições, interrompendo o trabalho em dois terços das cinquenta fábricas de magnésio em Shaanxi e reduzindo para metade a produção nas restantes fábricas.
Como a falta de magnésio pode impactar a indústria automóvel?
- Não existe um substituto para o magnésio na produção de liga de alumínio;
- A liga de alumínio, produzida através do magnésio, é utilizada em diversos componentes automóveis;
- 35% da procura de magnésio é para chaparia automóvel.
Para tornar a situação ainda pior, este metal é difícil de armazenar por longos períodos de tempo, uma vez que oxida ao fim de três meses, o que irá inevitavelmente diminuir o stock ainda mais.
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Aumento dos preços do magnésio
Esta queda na produção refletiu-se nos custos do magnésio, com o preço da importação para a Europa a atingir preços recorde, disparando 75% relativamente ao mês anterior.
No início de setembro, o preço médio europeu do magnésio ultrapassava os 4.000€, o que é um recorde na última década e um grande aumento em relação a junho, altura em que o preço rondava os 2.500€ por tonelada.
O mercado europeu é praticamente dependente na totalidade do abastecimento chinês, uma vez que não há produção interna na União Europeia. Se a escassez de magnésio continuar, corre-se o risco de que os atuais stocks de magnésio na Europa, e principalmente na Alemanha, que é um grande importador de magnésio, se esgotem até ao final do ano.
A Associação Alemã de Metais Não Ferrosos (WVM) já apelou ao governo alemão para iniciar negociações com a China, de forma a aumentar o fornecimento de magnésio para a Europa.
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Outras associações, como a European Aluminium, a Eurofer, a ACEA, a Eurometaux, a industriAll, a ECCA, a ESTAL, a IMA, a EUWA, a EuroAlliages ou a CLEPA, a representar os 15 principais fabricantes de automóveis baseados na Europa, incluindo a BMW, Toyota, Volkswagen, Honda, Hyundai e Ferrari, também já lançaram um apelo urgente à ação contra o risco iminente de paralisações da produção europeia devido a uma possível suspensão das cadeias de abastecimento.
A atual escassez no fornecimento de magnésio é um excelente exemplo do risco que a União Europeia corre ao tornar a sua economia doméstica dependente das importações chinesas.
Já houve empresas europeias a produzir magnésio, como é o caso da Norsk Hydro, no entanto tiveram de parar as suas produções, uma vez que o custo mais baixo das produtoras chinesas torna impossível a competição pelo preço, levando as produtoras europeias à falência.
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