É verdade que os carros elétricos ardem mais do que os outros?

Um automóvel que se incendiou na A33, na localidade de Verdizela, numa zona de mato na freguesia da Amora, na segunda semana de setembro, foi o gatilho para um incêndio de grandes proporções, que chegou a Sesimbra, tendo sido combatido por mais de 400 operacionais. No entanto, ao contrário do que sucede quando se trata de um carro elétrico a incendiar-se, pouco ou nada se falou sobre o veículo que esteve na origem do desastre. A saber: não se tratava de um elétrico.
A falta de paridade quando se trata de uns e de outros na forma como as notícias chegam ao público influencia a perceção, e, talvez por isso, a maioria das pessoas associe os veículos elétricos a incêndios. No entanto, os dados demonstram que isso não passa de uma ideia falsa. É que, segundo os números recolhidos globalmente, a frequência de incêndios em veículos elétricos é inferior face a veículos convencionais.
Veículos elétricos ardem menos
Um estudo da norte-americana Associação Nacional de Proteção contra Incêndios, por exemplo, concluiu que a taxa de incêndios em veículos elétricos nos EUA é comparável ou inferior à dos veículos a gasolina. E a Tesla, depois do impacto negativo do incêndio em Mafra, que destruiu vários modelos que estavam a ser transportados de camião, divulgou os números de carros incendiados entre 2012 e 2022: um incêndio a cada 209 milhões de quilómetros percorridos, contrapondo esse dado com os números dos incêndios em veículos a combustão nos EUA, que ocorre a cada 29 milhões de quilómetros percorridos.
Apesar dos números positivos, a Tesla fez ainda a ressalva de que os seus dados sobre incêndios em veículos incluem “incêndios estruturais, incêndios florestais, incêndios criminosos e outras causas não relacionadas ao veículo”.
Ao contrário dos modelos movidos a combustíveis fósseis, num elétrico não há a temer que o combustível seja o responsável por um incêndio. No entanto, os incêndios em carros elétricos podem ocorrer devido a falhas na bateria, que pode ser causada por vários fatores, incluindo danos físicos, defeitos de fabrico ou problemas durante o carregamento (ainda assim, vale a pena sublinhar que as baterias são projetadas para minimizar riscos).
Como apagar as chamas num carro elétrico?
Os problemas começam quando começa a arder. É que um incêndio de uma bateria não será fácil de extinguir devido às altas temperaturas que atinge, e um simples extintor ou uma mangueira com água não serão suficientes.
Há algumas soluções viáveis, mas nem todas fáceis de aplicar. A primeira passa por submergir o automóvel em água por, pelo menos, 24 horas, o que se pode revelar complicado, sobretudo se o estado do incêndio já estiver numa fase avançada. A segunda dita que se deve usar agentes químicos e espumas específicas, que irão quebrar algumas das reações químicas. Esta é a solução mais comum, e aquela utilizada por bombeiros para combater incêndios em parques automóveis. Por fim, aquela que poderá ser de mais fácil aplicação para os condutores: utilizar um cobertor específico a cobrir todo o automóvel, interrompendo o fornecimento de oxigénio, que alimenta as chamas.
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