Comprar carro novo: nacional ou importado

A aquisição de um automóvel zero quilómetros não é uma decisão que possa ser tomada de ânimo leve. E, muitas vezes, a tentação de ir comprar um carro novo importado, em países onde se encontram por preços mais baixos, invade o pensamento. Mas será que vale a pena?
Portugal é um dos países europeus onde os carros são mais caros, muito por causa da carga fiscal. Por exemplo, um Renault Clio, que em terras lusas comercializa-se a partir de 18.200€, é proposto na vizinha Espanha por 15.110€. A diferença de preço é ainda mais relevante quando se trata de gamas altas e carros potentes: um Audi A6 Avant, por exemplo, custa mais quase 6500€ em Portugal do que em Espanha. E se se viajar até à Alemanha encontra-se o mesmo modelo por menos 12.800€. E por esta fasquia já poderá começar a compensar arriscar comprar um carro novo no estrangeiro, mesmo tendo em conta todas as despesas relacionadas com a legalização.
Contabilize despesas
Mas o melhor mesmo é começar a fazer contas. Primeiro, há que estabelecer como chegará o carro a Portugal: havendo tempo e disponibilidade, a forma mais económica será sempre ir buscar o automóvel ao país de origem e vir a conduzir até casa. Uma aventura em que terá de ser contabilizada a viagem de ida, uma ou duas noites de estada e refeições. No regresso, há que contar com combustível e portagens, além de eventuais paragens pelo caminho, quer para comer, quer para dormir (tudo dependerá da distância). Face à impossibilidade de o fazer, há empresas que tratam do transporte de carros comprados no estrangeiro – será difícil encontrar uma tabela de preços, sendo necessário pedir um orçamento que dependerá de variadíssimos fatores, desde o modelo do carro até ao tipo de transporte, sem esquecer a distância.
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Com a questão do transporte resolvida, é necessário calcular as despesas relativas à aquisição. Ainda no país de origem, o custo com a legalização rondará os 1500€. Muito importante: trate de verificar se com a papelada vem o Certificado de Conformidade Europeu (COC), que é emitido pelo fabricante e garante as características técnicas do veículo, sendo essencial para o pedido de matrícula em Portugal. É ainda com o COC que se poderá pedir a assistência no representante nacional da marca.
Caso o carro venha a ser conduzido, é imperativo contratar seguro. Depois de chegar a Portugal, começa outro quebra-cabeças para o qual poderá contar com a ajuda de empresas especializadas, mas sairá sempre mais caro.
Legalizar o carro
O primeiro passo quando chegar com o veículo novo a Portugal será tratar da inspeção para, com esta e os documentos do veículo, entregar o Modelo 9 no Instituto da Mobilidade e dos Transportes, que atribuirá o número de homologação nacional.
Seguem-se os cumprimentos fiscais: preencher a Declaração Aduaneira de Veículos (DAV), pagar o Imposto Sobre Veículos (ISV) e, como se trata de uma viatura nova, regularizar o IVA. Só depois destes pagamentos, poder-se-á proceder à impressão da matrícula nacional, atribuída na DAV.
Após estes passos, deverá subscrever imediatamente uma apólice nacional (não se esqueça de cancelar o seguro contratado antes de vir para Portugal) e proceder ao registo do automóvel para emissão do Documento Único Automóvel (DUA). No fim, o pagamento do IUC terá de ser efetuado até 90 dias após a emissão da matrícula.
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Tudo somado, o processo de legalização não deverá ficar por menos de 1250€, sem contar com os valores dos impostos a regularizar, o que provavelmente acabará por igualar ou até ultrapassar o preço do carro novo em Portugal.
No caso de um carro novo, que tem de cumprir o pagamento do Imposto Sobre Automóveis e do IVA à chegada, as vantagens de ir buscar um modelo ao estrangeiro não são muito aliciantes. No entanto, se prescindir do conta-quilómetros a zero e optar por um modelo com seis meses e um dia de idade, o caso muda de figura, e a coluna dos prós poderá começar a ter outro peso.
Ainda assim, lembre-se: quando quiser trocar de carro, mesmo que tenha ido buscar um automóvel novo, terá sempre que lidar com algum estigma em torno do tema da importação e, com isso, perder um negócio mais vantajoso.
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