Como funciona um carro a GPL?

Com os preços dos combustíveis a oscilarem e a preocupação ambiental a aumentar, muitos condutores em Portugal têm procurado alternativas mais económicas e sustentáveis. O GPL, ou Gás de Petróleo Liquefeito, é uma dessas soluções. Já com décadas de utilização no mercado automóvel, continua a ser uma opção viável para reduzir custos de utilização e emissões poluentes. Neste artigo, explicamos como funciona um carro a GPL, o que implica a sua conversão, quais as vantagens e limitações, e como está a realidade do GPL no contexto nacional.
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O que é o GPL e por que usá-lo
O GPL, Gás de Petróleo Liquefeito, é uma mistura de propano e butano usada como combustível alternativo em veículos, geralmente em motores que também podem funcionar a gasolina. Em Portugal, o GPL é um dos combustíveis alternativos mais populares, graças ao seu menor impacto ambiental e ao preço mais baixo face à gasolina.
Segundo dados do setor, há mais de 390 postos de abastecimento de GPL Auto em território nacional, o que torna esta solução acessível para quem circula regularmente.
Em termos ambientais, um carro a GPL emite menos 75% de monóxido de carbono e menos cerca de 10% de dióxido de carbono quando comparado com um carro apenas a gasolina. Além disso, liberta menos óxidos de azoto e praticamente nenhuma partícula sólida.
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Como funciona um motor a GPL
O funcionamento de um motor a GPL é, na maioria dos casos, muito semelhante ao de um motor a gasolina. Os componentes principais, como o bloco do motor, pistões, velas de ignição, sistema de lubrificação e sistema elétrico mantêm-se. A principal diferença está na alimentação de combustível.
O GPL é armazenado em estado líquido num depósito próprio e, antes de entrar no motor, é vaporizado e misturado com o ar, tal como acontece com a gasolina. Esta mistura, rica em octanas, permite uma combustão eficiente e silenciosa. Como resultado, o carro pode tornar-se ligeiramente menos potente, mas mais económico e suave a funcionar.
O consumo é, por norma, ligeiramente superior ao da gasolina, mas o preço mais baixo do GPL compensa essa diferença na maioria dos casos.
Como converter um carro para GPL
Converter um carro a gasolina para GPL é um processo legal e relativamente comum em Portugal. O sistema de GPL é instalado como uma segunda opção de alimentação, mantendo o sistema original de gasolina. O condutor pode alternar entre os dois combustíveis com um simples botão, normalmente colocado no painel de bordo.
O sistema inclui um depósito de GPL, geralmente instalado no local do pneu suplente, válvulas de segurança, tubagens próprias, um vaporizador e injetores específicos. Todo o sistema é gerido por uma centralina eletrónica que garante o funcionamento correto e seguro do motor, adaptando-se ao modelo específico do veículo.
Com os dois depósitos cheios, gasolina e GPL, é possível alcançar autonomias superiores a mil quilómetros. Por outro lado, o peso adicional do segundo depósito pode aumentar ligeiramente o consumo, embora sem impacto significativo na viabilidade do sistema.
Tipos de sistemas a GPL
Atualmente, existem vários tipos de sistemas de alimentação a GPL disponíveis no mercado. Os mais antigos recorrem a misturadores e vaporizadores que convertem o combustível em gás antes da admissão. Os mais modernos utilizam injeção de fase líquida ou mesmo injeção direta, onde o GPL é injetado em estado líquido diretamente na câmara de combustão.
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Neste último caso, o GPL vaporiza-se com o calor do motor e arrefece a mistura de ar e combustível, aumentando a sua densidade. Isso melhora a eficiência da combustão, reduz as emissões e mantém o binário e a potência do motor próximos dos níveis originais.
A centralina eletrónica de GPL é calibrada especificamente para cada carro, respeitando as características técnicas do motor e garantindo um funcionamento otimizado.
Vantagens e desvantagens do GPL
As vantagens do GPL são várias. O combustível é mais barato, reduzindo de forma significativa o custo por quilómetro. A combustão é mais limpa, prolongando a vida útil do motor e emitindo menos gases poluentes. A autonomia é superior, já que o veículo pode usar dois depósitos, e a manutenção é, em geral, simples e económica.
Do lado das desvantagens, destaca-se o investimento inicial na conversão, que pode variar consoante o tipo de motor e o sistema escolhido. O consumo é um pouco mais elevado e o espaço da bagageira pode ser reduzido, sobretudo se o depósito ocupar o local do pneu suplente.
É também necessário realizar inspeções periódicas ao sistema de GPL e garantir que a instalação cumpre todos os requisitos legais. A homologação deve ser registada no Documento Único Automóvel, caso contrário o veículo não poderá circular legalmente com GPL ativo.
GPL em Portugal: rede, preços e tendência
A rede de abastecimento de GPL em Portugal cobre praticamente todo o país. Estações de marcas como Repsol, BP, Galp e outras disponibilizam GPL Auto, e a rede tem vindo a crescer nos últimos anos.
O preço médio do GPL em Portugal ronda os 0,70 euros por litro, o que representa uma diferença significativa face à gasolina ou ao gasóleo. Isto torna o GPL uma alternativa especialmente atrativa para quem percorre muitos quilómetros por ano.
Além do GPL tradicional, há também projetos a explorar o uso de bioGPL, uma versão renovável deste combustível, com ainda menor impacto ambiental.
Apesar da aposta crescente nos veículos elétricos, o GPL continua a ser uma solução viável e económica para reduzir custos e emissões, sem abdicar da conveniência de um motor de combustão.
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