Cibersegurança acaba com Porsche Macan a combustão
O Macan é o segundo automóvel da Porsche mais bem-sucedido comercialmente, apenas atrás do Cayenne (em 2023, o SUV valeu 30,85% das vendas), e o segredo do sucesso é combinar brilhantemente o formato SUV da moda com o ADN da marca alemã em todas as áreas relevantes, do desenho (exterior e interior) ao chassis, dos equipamentos às mecânicas. Problema: de acordo com a nova regulamentação (WP.29), a implementar pela Comissão Económica das Nações Unidas (UNECE) para a Europa, que abrange os assistentes de segurança, de condução autónoma e de cibersegurança, todos os automóveis novos em comercialização vão ter de cumprir uma série de requisitos nas suas arquiteturas digitais, de forma a garantir compatibilidade com as normas da região e nenhuma vulnerabilidade ao nível do software e segurança digital, e que inclui um processo de rastreabilidade mais exigente.
Ora, o Macan, lançado em 2014, não cumpre os processos de documentação e certificação que garantem a cibersegurança e as previsões de risco logo desde a fase de desenvolvimento, apesar das várias atualizações a que tem sido submetido durante a carreira. Motivo que levou a administração da Porsche a decidir que o popular SUV compacto da marca alemã com motores térmicos vai deixar de ser vendido na União Europeia, a partir de julho de 2024, antecipando a “morte” do modelo a combustão ligeiramente mais cedo do que o previsto.
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“Indisponível indefinidamente”
Em comunicado, a marca alemã esclarece que “o Macan a combustão ficará indisponível indefinidamente” com a entrada em vigor das novas regras, acrescentando que o resultado é independente do tipo de motor. “Isto aplica-se não só ao Macan com motor de combustão, mas a todos os modelos de todos os construtores, independentemente de serem elétricos ou com motor de combustão. Em resultado disso, espera-se que as vendas do Macan com motor de combustão interna na UE parem durante a primavera, assegurando assim que todos os veículos podem ser entregues e matriculados antes do prazo limite”, pode ler-se.
Fora da UE, nenhuma versão do Porsche Macan com motor de combustão abandonará o catálogo da marca. Para já.
Como ficam os outros modelos da marca
A Porsche garante a continuidade das atuais gerações 911, Panamera e Cayenne, por estes já disporem de “adaptações para satisfazer a legislação vindoura e os novos requisitos de emissões já foram tidos em conta”.
E, segundo a mesma fonte oficial, as atualizações necessárias para colocar o Macan com motor de combustão no mesmo patamar de compatibilidade são bastante mais complicadas do ponto de vista técnico, elevando exponencialmente o investimento.
“A implementação da diretiva exige não só ajustes na implementação técnica, por exemplo, nas unidades de controlo, mas essencialmente também uma mudança aos processos de desenvolvimento. Por exemplo, os sistemas de gestão no futuro terão de ser desenvolvidos e certificados em relação à cibersegurança”, refere a marca, admitindo que não eram conhecidas as normas por completo durante a fase de desenvolvimento do SUV compacto.
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“Não [há risco de segurança], porque para estes modelos, o assunto já tinha uma grande prioridade na Porsche. Mas os processos agora exigidos pela norma UN ECE R 155 não podiam ser implementados porque não eram ainda conhecidos e aplicáveis então”, conclui.
Macan EV em 2024
Tratando-se de um veterano, o SUV recebeu recentemente uma intervenção relevante, mas a Porsche já está a ultimar a geração nova do Macan, com o início planeado para o arranque de 2024.
O automóvel fabricar-se-á somente como elétrico e será posicionado abaixo do Taycan e do Taycan Cross Turismo. Mas a estratégia da marca alemã não pressupunha, no imediato, um ponto final na disponibilidade de mecânicas térmicas num modelo tão importante para as contas da empresa, por representar a porta de entrada para cerca de 80% dos clientes da marca. Por isso, fora da EU, os dois automóveis vão coexistir no catálogo, sendo que o modelo 100% elétrico será o primeiro assente na nova plataforma PPE, cujo desenvolvimento já teve em conta todos os novos regulamentos de cibersegurança, entre outros.
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