China vai restringir a exportação de veículos elétricos a partir de 2026

Exportar veículos elétricos vai exigir uma licença na China, com Pequim a mostrar o poder que pretende ter sobre o mercado automóvel no mundo.
O Ministério do Comércio anunciou a medida, afirmando que as licenças visam apoiar o “desenvolvimento saudável” do setor de veículos elétricos. A exigência alinha os veículos elétricos com outras categorias, como veículos convencionais e motociclos, que já enfrentam controlos de exportação semelhantes.
Guerra de preços
A China tem exercido um maior controlo sobre a sua indústria automóvel este ano, depois das consequências que se fizeram sentir face a uma feroz guerra de preços de veículos elétricos, que levou alguns fabricantes à beira do colapso.
As autoridades reprimiram os descontos agressivos e pressionaram os fabricantes de automóveis a acelerar os pagamentos aos fornecedores, refletindo as preocupações com a estabilidade a longo prazo do setor.
Agora, depois de as exportações chinesas de veículos elétricos, impulsionadas por empresas como BYD, Nio e Xpeng, terem passado a ser um ponto fulcral nas tensões comerciais globais, Pequim pretende ter a última palavra a dizer no que é vendido fora do seu território.
A decisão prende-se com a imposição de tarifas elevadas pela União Europeia, que argumentou que o aumento dos veículos elétricos chineses ameaça a indústria local, mas que não teve impacto nas exportações: nos primeiros sete meses de 2025, as marcas chinesas entregaram praticamente o mesmo volume no estrangeiro que no ano anterior. E a BYD, por exemplo, expandiu a sua presença na Europa, adicionando executivos seniores na Alemanha para impulsionar o crescimento no principal mercado da região.
Licença não afeta apenas chineses
Espera-se que a nova exigência de licença afete não apenas as empresas chinesas, mas também as construtoras estrangeiras que fabricam veículos elétricos na China, como a Tesla, a Volkswagen e a BMW, que, depois de terem sido atraídas pela produção de baixo custo e pela avançada cadeia de abastecimento de veículos elétricos do país, dependem de fábricas chinesas para as suas vendas.
A fábrica da Tesla em Xangai produz os Model 3 e Y para compradores nacionais e estrangeiros, embora os volumes de exportação tenham caído em sete dos primeiros oito meses de 2025, de acordo com a Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.
A Volkswagen anunciou planos para aumentar as exportações da China para a Ásia, América do Sul e Médio Oriente, ao mesmo tempo que envia o seu SUV Cupra Tavascan, fabricado na China, para a Europa. Enquanto isso, a BMW está a produzir o Mini Cooper elétrico e o Aceman em parceria com a Great Wall Motor para o mercado europeu.
A Volkswagen e a BMW não comentaram como as novas regras de Pequim podem afetar as suas estratégias de exportação.