2 setembro 2025

Carros a GPL: consumos e poupanças

As diferenças entre GPL e GNC

Os carros a GPL são um bom exemplo da importância em causar uma primeira boa impressão. Alguns modelos começam a sua carreira comercial de forma apagada e, posteriormente, por mais que a marca torne o modelo mais atrativo, aumentando a gama de motores disponíveis, o nível de equipamento ou tornando os preços mais competitivos, já é tarde demais e não há nada a fazer. O carro vai continuar a vender pouco.

Terá sucedido algo de parecido com o GPL, gás de petróleo liquefeito. A placa inicial azul e branca, que era obrigatória na traseira do veículo, a proibição de permanência em estacionamentos fechados e as notícias recorrentes sobre riscos de explosão tornaram estes veículos mal-amados ou, pelo menos, pouco apreciados no nosso país. Situação bem diferente do que se verifica em países como Itália, Holanda ou Polónia, onde esta tecnologia tem uma aceitação generalizada.

Hoje, em 2025, a realidade é bastante diferente. Desde 2013 que os veículos a GPL podem estacionar legalmente em parques fechados, desde que cumpram os requisitos técnicos exigidos por lei. O antigo dístico azul também foi substituído por uma vinheta verde discreta colocada no canto inferior direito do para-brisas. A desinformação diminuiu e o preconceito começa a dar lugar à racionalidade.

A grande vantagem deste combustível, que mistura propano e butano, continua a ser o seu custo. Desde que surgiu em Portugal, o GPL tem sido visto como uma alternativa eficaz para tornar economicamente viáveis carros que, a gasolina, representam um custo difícil de suportar, sobretudo devido aos seus consumos elevados.

Os carros a GPL são valorizados por quem precisa de percorrer muitos quilómetros com o menor custo possível e não dispõe de orçamento para investir, por exemplo, num veículo Diesel ou eletrificado. Muitos condutores optam por comprar modelos a gasolina com pouco valor comercial, muitas vezes por serem pouco eficientes, e convertê-los para GPL num centro técnico certificado. Ainda assim, é necessário fazer bem as contas. O custo da transformação pode facilmente ultrapassar o valor do próprio automóvel usado, o que obriga a ponderar o retorno do investimento com base na utilização futura.

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Carros a GPL: menos poluentes, mais autónomos

O facto de haver várias marcas a disponibilizar veículos novos com motorização a GPL no mercado português tem ajudado a recuperar a confiança dos consumidores nesta tecnologia. Para quem procura uma solução mais económica e está atento à questão das emissões poluentes, o GPL continua a ser uma alternativa viável aos combustíveis convencionais. É importante recordar que os carros a GPL emitem, em média, menos partículas e menos hidrocarbonetos não queimados do que os equivalentes a gasóleo e, em determinadas condições, também menos NOx do que motores a gasolina.

Além disso, os veículos a GPL são admissíveis em zonas de emissões reduzidas, como já acontece em várias cidades europeias e está previsto para algumas zonas urbanas em Portugal. Este fator torna-os particularmente relevantes num contexto de crescente restrição à circulação de carros a gasóleo, sobretudo os mais antigos.

Outro argumento favorável ao GPL é a autonomia. Por se tratar de um sistema bi-fuel, o carro dispõe de dois depósitos: um para gasolina e outro para GPL. Quando o depósito de gás se esgota, o sistema comuta automaticamente para gasolina, garantindo assim continuidade na viagem sem necessidade de intervenção do condutor. Dependendo do modelo e da capacidade dos depósitos, é possível atingir autonomias combinadas superiores a 1000 quilómetros.

Ainda assim, existe uma limitação que convém referir. Em setembro de 2025, existem cerca de 396 postos de abastecimento com GPL Auto em território nacional, num total de mais de 2600 postos de combustível. Embora este número tenha crescido nos últimos anos, continua a ser um fator a considerar, especialmente em zonas mais remotas. No entanto, como todos os postos oferecem gasolina, o risco de imobilização é praticamente nulo.

Para ilustrar na prática a diferença entre circular a GPL e a gasolina, vejamos o exemplo de um dos modelos mais populares do mercado português: o Dacia Duster. A versão com motor 1.0 TCe de três cilindros está disponível tanto a gasolina como com opção bi-fuel (GPL). A potência varia ligeiramente: 90 cv na versão apenas a gasolina e 100 cv na versão a GPL. As diferenças nas prestações são residuais. A velocidade máxima ronda os 173 km/h e a aceleração dos 0 aos 100 km/h faz-se em pouco mais de 13 segundos, em ambos os casos.

No que toca ao preço, segundo o configurador da marca em 2025, o Duster a gasolina com nível de equipamento Essential começa nos 18.150 euros, enquanto a versão GPL arranca nos 18.620 euros. Ou seja, a diferença ronda os 470 euros. Este valor adicional pode ser rapidamente compensado pelo diferencial de preço entre os combustíveis.

Em termos de consumo, a marca anuncia 6,3 litros por 100 km na versão a gasolina e 8,4 litros por 100 km a GPL. Embora o consumo de GPL seja cerca de 33 por cento superior, o impacto na carteira é bastante menor. A 1 de setembro de 2025, segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia, o preço médio da gasolina 95 era de 1,78 euros por litro, enquanto o GPL Auto se mantinha nos 0,89 euros por litro. Esta diferença de quase 50 por cento no preço por litro compensa amplamente o maior consumo do GPL.

O depósito de GPL, com capacidade para cerca de 34 litros úteis, está instalado no local habitualmente reservado à roda suplente. É importante ter isso em conta, já que obriga a contar com um kit de reparação ou pneu sobressalente externo. Ainda assim, mesmo com essa limitação, o GPL permite percorrer cerca de 400 a 450 km com um depósito cheio, a que se somam mais de 700 km com o depósito de gasolina, totalizando uma autonomia combinada superior a 1000 km.

Para condutores que percorrem muitos quilómetros por mês e pretendem reduzir os custos com combustível sem investir em tecnologias eletrificadas, os carros a GPL continuam a ser uma solução inteligente e financeiramente vantajosa.

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A poupança de um carro a GPL

Quem opta por um carro a GPL fá-lo, na maioria dos casos, por uma razão simples: precisa de percorrer muitos quilómetros e quer reduzir significativamente os custos com combustível. Nestes casos, a poupança pode ser substancial, sobretudo se a condução for feita maioritariamente em estrada, onde os consumos tendem a ser mais baixos do que em cidade.

Ainda assim, para efeitos de comparação, optámos por utilizar os consumos médios homologados pelo fabricante, neste caso a Dacia. Estes valores, baseados no protocolo WLTP, refletem de forma mais realista o consumo médio em diferentes condições de utilização.

De acordo com os dados da marca, o Dacia Duster 1.0 TCe a GPL consome 8,4 litros por cada 100 km, enquanto a versão equivalente a gasolina consome 6,3 litros. Apesar do maior consumo, o custo do GPL é significativamente inferior. Com base nos preços médios de setembro de 2025, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o litro de GPL custava em média 0,70€, enquanto o litro de gasolina 95 rondava os 1,54€.

Aplicando estes valores, o custo por cada 100 km com GPL é de cerca de 5,88€, ao passo que, com gasolina, esse valor sobe para 9,70€. Ou seja, o mesmo trajeto fica aproximadamente 40 por cento mais barato quando feito a GPL.

Numa utilização anual típica de 15.000 km, o Duster a GPL implicará um gasto aproximado de 882 euros em combustível, enquanto a versão a gasolina exigirá cerca de 1455 euros. A poupança anual será, portanto, de 573 euros.

Este valor não só compensa o ligeiro acréscimo no preço de aquisição da versão a GPL, como começa a representar um retorno financeiro real logo nos primeiros anos de utilização. Quanto mais quilómetros o condutor percorrer por ano, maior será o diferencial acumulado.

Quanto custa um Duster a GPL usado?

Números que dão que pensar e que ajudam a afastar qualquer preconceito que ainda possa existir em relação aos carros a GPL. São bem mais baratos do que um Diesel ou elétrico e praticamente não padecem das questões relacionadas com a amortização do custo dos primeiros nem da autonomia dos segundos.


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