Burlas pelo Whatsapp: Como evitar ser apanhado

Se colocou recentemente um anúncio online para vender o seu carro e recebeu mensagens estranhas pelo WhatsApp, esteja atento. É possível que esteja a ser alvo de uma tentativa de burla. Este tipo de esquema tem vindo a crescer em Portugal, especialmente em plataformas digitais de classificados. A seguir explicamos como funcionam estas fraudes e o que deve fazer para se proteger.
Como funciona uma burla através do WhatsApp?

Este tipo de burla ocorre quando alguém se faz passar por comprador ou intermediário de um negócio, contactando o anunciante diretamente por WhatsApp, fora da plataforma onde o anúncio foi publicado. Na maioria dos casos, o burlão está a tentar enganar um terceiro, fazendo-se passar por dono da viatura e recolhendo o pagamento sem qualquer relação real com o vendedor legítimo.
É um esquema de intermediação fictícia, onde o verdadeiro vendedor serve de isco, sem saber.
O modus operandi dos burlões: passo a passo
Por norma, este é o modos operandi dos burlões. Explicamos passo-a-passo para que os consiga identificar desde logo e não ser alvo de burla.
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1. Contacto fora da plataforma

Os burlões iniciam o contacto através do WhatsApp, utilizando o número publicado no anúncio. A primeira mensagem é, geralmente, normal e credível, com perguntas como “O carro ainda está disponível?” ou “Pode enviar mais fotos?”. Podem ter fotografia de perfil e nome próprio, tornando mais difícil a perceção imediata de que se trata de um esquema fraudulento.
2. Narrativa de intermediação

Depois da abordagem inicial, o burlão introduz uma história: está a ajudar alguém a comprar o carro, quer oferecer o veículo como presente, tem uma dívida a saldar com um terceiro ou está a tratar do negócio por motivos pessoais ou profissionais. O objetivo é convencer o vendedor a partilhar informações detalhadas do carro e, por vezes, documentos.
Muitas vezes, o burlão pede que o anúncio seja retirado da plataforma, alegando urgência ou que isso é necessário para finalizar o processo sem interferências.
3) Pedido de encontro

Num passo seguinte, o burlão tenta marcar um encontro presencial para ver o carro. Este agendamento parece legítimo e é feito por chamada telefónica, reforçando a credibilidade do contacto. Frequentemente, o burlão diz que estará acompanhado pelo “verdadeiro comprador”.
4) Conclusão do esquema

No momento do encontro, o burlão já apresentou a viatura a um comprador real, fazendo-se passar por proprietário. Com base nas informações e imagens obtidas do anúncio original, criou uma cópia noutro portal ou comunicou diretamente com a vítima (o comprador) como se fosse o dono do carro.
Este comprador faz um pagamento (normalmente um sinal ou o valor total) para a conta do burlão e desloca-se ao local combinado para ver a viatura. Quando se encontra com o verdadeiro vendedor, percebe que foi enganado: o carro não está à venda por aquela pessoa e o dinheiro foi enviado para alguém que não está presente.
Como se proteger de burlas pelo WhatsApp
Este tipo de ocorrências registam-se por todo o território nacional, com especial incidência nas zonas urbanas de maior densidade populacional. Mesmo que seja difícil chegar aos autores destas burlas, é essencial que seja de imediato feita uma denúncia, mesmo se tiver detectado a burla a tempo.
As denúncias podem ser feitas na GNR, PSP e Polícia Judiciária.
A melhor forma de se proteger é estar atento a sinais suspeitos e seguir boas práticas:
Desconfie de contactos feitos fora da plataforma original do anúncio, sobretudo por WhatsApp.
Não partilhe cópias de documentos pessoais ou do veículo com desconhecidos.
Recuse remover o anúncio antes do negócio estar concluído de forma segura.
Prefira tratar os contactos e negociações dentro da plataforma onde colocou o anúncio.
Evite intermediações pouco claras ou histórias rebuscadas.
Marque encontros sempre em locais públicos e, se possível, acompanhado.
Nunca aceite que o pagamento seja feito por terceiros em nome do comprador.
Se suspeitar de comportamento fraudulento, denuncie de imediato às autoridades.
E se já tiver sido vítima?
Este tipo de esquema tem vindo a acontecer com mais frequência, especialmente em zonas urbanas com maior densidade populacional. Mesmo que consiga identificar a burla a tempo e não tenha havido prejuízo direto, é importante fazer participação às autoridades.
Pode apresentar queixa junto de:
PSP (Polícia de Segurança Pública)
GNR (Guarda Nacional Republicana)
Polícia Judiciária, que tem competência nas investigações de crimes de burla informática e comunicações
É recomendável guardar todas as provas: capturas de ecrã das mensagens, números de telefone usados, links para anúncios copiados e quaisquer outros dados que ajudem na investigação.
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