BMW tem dez mil milhões de euros para revolucionar a gama elétrica

A BMW revelou, na semana passada, o primeiro de uma nova gama de veículos elétricos. O iX3, sobre o qual já tínhamos levantado o véu, foi o primeiro modelo da nova era Neue Klasse, mas a marca de Munique promete não se ficar por aqui e já fez saber que tem reservado um investimento de dez mil milhões de euros para renovar toda a sua gama de elétricos. Com isso, o emblema parece decidido a voltar a ser uma referência no setor, desta feita com foco da eletrificação.
iX3, obra-prima da engenharia
O iX3, apresentado como um SAV, isto é, um Sports Activity Vehicle, estreou-se em Munique na semana passada e promete ser um dos destaques desta semana no IAA Mobility, que decorre naquela cidade alemã até dia 14.
De “software” sofisticado, o iX3 conta com tecnologia eDrive de sexta geração, um sistema de 800 volts a permitir carregamentos ultrarrápidos. Diz a BMW que o seu automóvel aceita carregamentos a potência de até 400 kW, o que, em teoria, significa que são precisos apenas dez minutos para recuperar energia da bateria de 108,7 kWh para mais de 370 quilómetros. E escrevemos em teoria porque não será fácil encontrar um posto que debite tal potência.
Ainda assim, a BMW não poderia estar mais orgulhosa do seu iX3: “Este é o melhor produto geral do sector”, disse o diretor executivo da BMW, Oliver Zipse, em entrevista à Bloomberg Television.
10 mil milhões para EV
Os veículos elétricos são hoje uma prioridade dentro da BMW, não obstante o facto de na Europa se falar de um alargamento do prazo para exterminar os motores a combustão.
É que o emblema de Munique tem os olhos postos noutros mercados, nomeadamente o chinês, e pretende destronar as duas rainhas do mundo eléctrico: BYD e Tesla.
Mas, apesar do investimento milionário para atingir esse propósito (cerca de dez mil milhões de euros), a BMW terá outro grande obstáculo a ultrapassar. Na Alemanha, o iX3 custa desde 68.900€, mas, para se afirmar nuns EUA sem benefícios fiscais ou numa China de concorrência feroz, é muito possível que a marca tenha de rever o preço nesses mercados. Isto, ao mesmo tempo que se debate com o crescimento das marcas chineses no Velho Continente, cujo mercado poderia dominar facilmente.
Para a China, pelo menos, há planos concretos, com os alemães de Munique a cooperarem com parceiros chineses, incluindo DeepSeek, Huawei e Alibaba, para adaptar os seus carros aos gostos locais. Resta saber se também conseguirá adaptar o seu preço sem perder valor. Zipse, porém, mostrou-se confiante: “Somos e continuaremos a ser competitivos também na China”, disse, adiantando que a versão dedicada do iX3 para aquele país será “o [BMW] mais chinês de sempre”.
Depois, seguir-se-á uma renovação total da gama, sempre assente na tecnologia Neue Klasse, com muitas novidades previstas para os próximos dois anos.