Polestar 3: A conta certa?
A Polestar pode ainda ser um nome menos conhecido do grande público, mas com o Polestar 3, a marca sueca parece ter encontrado o equilíbrio ideal entre tecnologia, performance e sofisticação. Tal como na cultura popular se diz que “três é a conta certa”, este SUV de luxo 100% elétrico poderá ser o modelo que consolida definitivamente a identidade da Polestar como fabricante independente.
O mercado tem cada vez mais tendência a inclinar-se para a automóveis 100% elétricos mais compactos e acessíveis. Mas nada tem impedido de várias marcas se tentarem aventurar neste segmento de SUVs de luxo movidos a eletricidade. Depois da BMW com o iX, a Audi com Q8 e a Mercedes com EQE, a Polestar apresentou o seu 3º modelo no mercado, e o primeiro assumidamente SUV, ainda que a performance não fique de parte em nenhum momento.
O 3 marca também o distanciamento efetivo da Polestar e da Volvo, que apesar de serem irmãs e partilharem plataforma, mostram cada vez abordagens mais diferentes nos seus produtos.
Assente na plataforma SPA2 — partilhada com o Volvo EX90 —, o Polestar 3 distingue-se por uma silhueta desportiva e elegante. É 13 cm mais curto e mais baixo que o seu primo sueco, com 4,90 metros de comprimento e apenas 1,61 m de altura, o que lhe confere uma postura dinâmica e agressiva.
No interior, nem tudo é perfeito, mas quase
No que toca a interiores, a Polestar, embora jovem, já se tornou uma referência dentro do segmento premium. E este Polestar 3 não é excepção. É, na verdade, o melhor que a Polestar já fez, mesmo até melhor que o Polestar 4, ainda que esse seja ligeiramente mais recente. Isto, de certo modo, ajuda a justificar a etiqueta de preço exclusiva deste modelo, e cativa totalmente quem ainda desconhece e tem um primeiro contacto com esta marca.
O uso de materiais reciclados não compromete em nada a perceção de qualidade, e os bancos destacam-se pela ergonomia excecional e comandos intuitivos. A integração tecnológica é liderada pelo sistema Android Automotive com gráficos personalizados e um “cérebro” NVIDIA que garante fluidez e rapidez.
Apesar da sofisticação tecnológica, nem todas as soluções são consensuais. O controlo dos retrovisores e do volante através de botões capacitativos é pouco prático. Felizmente, os perfis de utilizador gravam preferências, minimizando estas falhas na utilização diária.
Atrás, e ao contrário do que acontece com alguns elétricos, não temos um efeito anfiteatro. Isto é, os bancos estão colocados numa posição mais baixa que o habitual nos automóveis deste tipo de combustível, o que significa que o espaço para a cabeça não é sacrificado pela altura, e que também, muito importante num carro de performance, que não aumentamos o centro de gravidade.
Já a bagageira revela-se menos generosa que a concorrência direta, com 484 litros atrás e 32 litros no frunk, suficiente para os cabos, mas aquém dos padrões premium.
Desafia as leis da física, mas leva à letra o "S" do acrónimo SUV
Desafiando todas as leis da física, os engenheiros da Polestar trabalharam afincadamente para contornar os mais de 2700kg de peso de rolamento deste carro. E mesmo sendo um elétrico de dimensões massivas e de ser um SUV, é um automóvel que assume que gosta muito de curvas.
Para dar substância a este ambicioso objetivo, os engenheiros suecos dotaram o Polestar 3 com duas embraiagens no eixo traseiro que permitem uma vetorização de binário real — não é simulado por intervenções seletivas do sistema de travagem.
Este sistema faz com que a traseira do SUV ajude nas trajetórias em curva, contrariando a inércia e incentivando a rotação sobre o seu próprio eixo. Isto contribui para melhorar a aderência, tração… e claro, sobretudo a diversão de quem procura um SUV familiar que seja muito mais do que apenas um SUV.
Outra demonstração de que este SUV faz jus ao seu posicionamento premium é o facto do chassis desta versão Dual Motor com Pack Performance contar de série com uma suspensão pneumática de duas câmaras com amortecimento adaptativo eletrónico.
Isto, em conjunto com os radares do sistema LIDAR, permitem ler as condições da estrada e adaptar o chassis e o controlo do amortecimento de cada roda, individualmente, afinando eletronicamente a firmeza da suspensão a cada duas milésimas de segundo. Isto garante um equilíbrio geral de comportamento impressionante, em qualquer tipo de piso e sob qualquer tipo de condições.
E mesmo em mudanças súbitas de direção, o Polestar 3 mantém-se sempre com comportamentos previsíveis e progressivo, sem causar surpresas ou deixando em apuros condutores menos experientes.
A distribuição de peso igual pelos dois eixos e os pneus Pirelli PZero de secção mais larga atrás do que os dianteiros também ajudam a este comportamento.
Três versões, três experiências
Tal como o nome, o Polestar 3 também está disponível numa trilogia de versões: O Long Range Single Motor, o Long Range Dual Motor, e o Long Range Dual Motor com Pack Performance.
No 3 Performance, somos brindados com 517 cv e um binário de 910 Nm, em vez dos 489 cv e 840 Nm da versão sem este «aditivo».
A versão de entrada oferece uns mais modestos 299cv, mas anuncia uma autonomia superior a 700km, algo que nesta versão desce para os 567km, extraidos de uma bateria de 111kWh.
Naturalmente que com tanta potência disponível à mercê do nosso pé direito, e quando sabemos que é possível retirar o máximo proveito de todos estes números, com total controlo do automóvel, é difícil sermos sensatos nos consumos.
Ainda assim, sempre que é necessário recarregar a bateria, esta versão é capaz de o fazer a 250kW de velocidade, garantindo que recupera dos 10 aos 80% em 30min. Mas, o mais impressionante, é que a velocidade média do carregamento é de 150kW, um valor superior ao máximo de alguns modelos atualmente disponíveis no mercado.
Mas, nem tudo é uma referência neste Polestar 3. Em corrente alternada, este modelo apenas aceita velocidades de até 11kW, o que significa que mesmo numa wallbox, uma carga completa demora mais de 10 horas, ficando neste capítulo atrás de alguns rivais.
Preços
Os preços do Polestar 3 começam nos 62.500€ + IVA para a versão Long Range Single Motor, e estendem-se até aos 96.900€ (IVA incluído) para a versão mais performante, com tração integral, 6000€ mais do que a versão Long Range com tração Integral.
O mais Polestar dos Polestar
O Polestar 3 é a materialização plena da identidade da marca: design arrojado, compromisso ambiental e performance de excelência. Está longe de ser um carro de massas, mas dentro do segmento de luxo, entrega mais do que promete. E isso, por si só, justifica a proposta.
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