Ao volante do Skoda Enyaq: Será melhor que o Tesla Model Y?

A Škoda tem conseguido apresentar volumes de vendas cada vez mais interessantes no mercado europeu, em particular nos países de leste, ainda que em Portugal, sem se perceber muito bem as razões, esta marca ainda não figure entre as preferidas.
No entanto, o Skoda Enyaq parte em muito boa posição para ser o trunfo que pode ajudar a Skoda a mudar este paradigma. Porque apesar de não ser um produto premium, poderia muito bem ser apresentado como tal.
E em particular nesta versão coupé, com uma linha de tejadilho mais desportiva, o Enyaq torna-se num modelo ainda mais apetecível dentro deste cada vez mais concorrido segmento elétrico C-SUV.
O Skoda Enyaq não tem um design convencional, ponto assente. E muitas vezes, a tentação de criar algo demasiado futurista dá aso uma ténue linha que divide aquilo um conceito muito bem conseguido de algo que pode até cair na opulência.
Com uma forte inspiração na praticamente extinta gama dos monovolumes, nos SUV e até nas carrinhas, o Skoda Enyaq mistura vários conceitos numa estranha fórmula que, surpreendentemente, funciona bem para a grande maioria dos olhares.
E são vários os pormenores que acabam por tornar este, num modelo especial. A começar pela frente elevada, de onde se destaca o capot com vincos esculpidos, os faróis LED Matrix, e claro a grelha “crystal face” retro iluminada que o tornam inconfundível à noite.
Na lateral, o Enyaq não faz por esconder as suas generosas dimensões, mas em particular esta versão coupé, não só fruto da linha de tejadilho descaída, mas também das jantes de 21’’, fica dotada de algum desportivismo poucas vezes associado a este tipo de propostas.
Na traseira encontramos talvez a secção mais sóbria do Enyaq, com o aspeto musculado e as luzes de mudança de direção dinâmicas a conferirem-lhe alguma personalidade.
Interior
Quem conhece a Skoda sabe que esta é uma marca que se preza muito mais por ser prática e funcional do que propriamente estética, mas não há como negar que, tal como no exterior, todos estes conceitos foram muito bem mesclados para criar um interior futurista q.b, mas simultaneamente confortável e agradável para se passar algum tempo.
Somos brindados com generosas doses de qualidade, seja ao olhar, seja ao tato, em particular à frente, onde a generalidade dos materiais utilizados são suaves, com excepção das zonas inferiores do habitáculo.
As versões especiais de lançamento do renovado Skoda Enyaq e Enyaq Coupe, Laurin & Klement, estão ainda mais equipadas, contam e com detalhes especiais e dedicados em homenagem aos fundadores da marca, conferindo a este modelo ainda mais exclusividade.
A posição de condução permite múltiplos ajustes, sendo fácil encontrar a posição ideal para qualquer estatura, e para qualquer estilo de condução.
O volante, agora com apenas dois braços, conta com comandos físicos, mais um pormenor que distingue a praticidade dos modelos desta marca checa, ao invés de comandos capacitativos como encontramos nos irmãos Audi Q4 e-tron ou Volkswagen I.D.4.
Atrás deste volante encontramos um pequeno painel de instrumentos de 5’’ polegadas, mas que apresenta tudo o que é necessário, como a velocidade e a autonomia, sendo neste caso muito bem auxiliado por um heads up display bastante completo.
Ao centro encontramos um ecrã de 13,1’’, com uma boa definição de imagem e, à boa maneira Skoda, mas transversal a todo o grupo Volkswagen que conseguiu, dentro desta era da digitalização massiva, criar sistemas de infoentretenimento bastante simples e fáceis de operar.
Na parte inferior do ecrã, os comandos da climatização estão sempre em permanência, mas apenas permitem ajustar a temperatura, e não a intensidade.
Para compensar isto, a Skoda instalou no Enyaq alguns atalhos físicos, que nos permitem, por exemplo, sempre que entramos no carro, e sem necessidade de recorrer a sub-menus, desligar os alertas, por vezes algo irritantes.
Atrás, o piso completamente plano permite tirar máximo partido da plataforma elétrica, e assim sendo, podemos sentar três passageiros adultos, sem qualquer problema, e é possível até encontrar saídas dedicadas para o ar-condicionado.
O teto panorâmico, nesta versão coupé, ajuda a aumentar a sensação de espaço a bordo, fator que pode ser algo comprometido face à versão mais convencional.
Na bagageira, o Enyaq oferece uns impressionantes 585L de capacidade, oferecendo somente mais 15L do que nesta versão coupe (570L).
Ao volante
Se no exterior e no interior não existiram praticamente alterações nesta atualização do Enyaq, debaixo do capot, salvo seja, foram várias. O renovado o Enyaq recebeu o novo motor elétrico do grupo Volkswagen, o AP550, que consegue entregar mais potência, mas sobretudo, e o mais importante nos 100% elétricos, promete maior eficiência.
O anterior Enyaq 80 foi substituído pelo Enyaq 85, com um motor sobre o eixo traseiro e que entrega agora 286 cv, mais 82cv do que antes. O Enyaq 85x, com tração integral, esta mesmo que estamos a ensaiar, oferece a mesma potência, mas neste caso, o ganho de potência é menos significativo, porque só ganhamos 21cv em relação ao anterior 80x.
Por sua vez, o Enyaq RS, o mais potente da gama, surge agora com mais 41 cv que antes, oferecendo 340 cv no total, ao passo que o binário máximo é de agora 545 Nm, permitindo por isso uma condução ainda mais desportiva.
As potências aumentaram, mas as baterias permanecem intactas, oferecendo os mesmos 77kWh úteis de capacidade, que segundo a Skoda, permitem ao Enyaq percorrer até 580km com uma só carga, nesta versão coupé, cerca de 20km mais do que antes.
Os ganhos são justificados pela gestão otimizada da baterias, o que também permitiu que o Enyaq 2024 passasse a oferecer em todas as versões pré-condicionamento da bateria, o que pode contribuir para tempos de carregamento mais rápidos, mesmo mantendo a mesma potência de 135 kW em corrente contínua na versão de tração traseira, e melhorando em 8min o tempo dos 20 aos 80% nas versões de tração integral, que admitem agora velocidades de carregamento de até 175kW.
Quanto a autonomias reais, em auto-estrada, e com consumos na casa dos 23kWh por cada 100km percorridos, falamos de uma autonomia real de 330km, sendo que em cidade, estes valores aumentam para próximos dos 440/450km , sendo bastante fácil registar cifras na ordem dos 17 ou 18 kwh/100km percorridos.
Um fator que pode influenciar muito a autonomia, sobretudo nos meses mais frios, é a bomba de calor, que no caso do Enyaq é um opcional de 1115€, mas que permite a este SUV ser muito mais eficiente e chegar muito mais longe, sobretudo quando a temperatura exterior desce dos 15º no termómetro.
Na estrada, podemos afirmar que o Enyaq, é, quiçá, um elétrico de transição na forma como se conduz. Os 286cv, apesar de parecerem um número vistoso no papel, como sabemos, num carro elétrico, fruto do peso acrescido das baterias, não transparecem assim tanto. E a entrega de potência também é bastante linear e suave, não sendo muito perceptível aquele kick de potência característico dos carros elétricos.
Não é também dinamicamente o automóvel mais competente, e mesmo em modo Sport, onde o adornar da carroçaria é mais controlado, não é um automóvel que incentive a grandes aventuras em estradas sinuosas.
Por outro lado, a suavidade da suspensão e o silêncio a bordo são dois atributos que o tornam num familiar de excelência.
A somar a isto, as várias ajudas à condução, e algumas funcionalidades como a travagem preditiva, onde o Enyaq lê as condições de trânsito e de terreno para regular os níveis de regeneração da bateria, tornam também a convivência e a condução deste carro numa experiência bastante relaxante no dia-a-dia.
Preços
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Quanto a preços, na secção de novos do Standvirtual é possível encontrar o renovado Skoda Enyaq por valores que começam nos 51.200€, e nos 53.500€ para a versão coupe.
As versões de tração integral iniciam-se próximo dos 60.000€, e esta versão que honra os fundadores da marca, Laurin & Klement, totalmente equipada, fixa-se nos 61.150€.
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