30 julho 2025

Ao volante do MG HS: O que vale o Plug-in mais barato do mercado?

Poucas marcas podem reclamar um legado tão rico quanto a MG. Ainda que o seu renascimento moderno tenha pouco em comum com a herança britânica original, o nome carrega consigo um peso histórico respeitável. Agora sob a alçada do grupo chinês SAIC, a MG tem vindo a posicionar-se de forma cada vez mais relevante no mercado, com uma gama de produtos que não vive apenas do preço competitivo, mas que acumula argumentos cada vez mais convincentes.

Um bom exemplo disso é o MG EHS. Este SUV híbrido plug-in mantém o título de modelo mais acessível do seu segmento, mas não se limita a isso: oferece uma autonomia 100% elétrica superior a 100 km — um feito assinalável para um PHEV.

A presença oficial da MG em Portugal foi assinalada em outubro de 2023, e o EHS, originalmente lançado em 2019, integrou desde logo o portefólio disponível. Contudo, o passar do tempo começava a fazer sentir o peso da idade, especialmente perante concorrência mais recente e sofisticada. A resposta da marca chegou com o novo MG EHS, apresentado pela primeira vez no prestigiado Goodwood Festival of Speed de 2024, no Reino Unido. Este modelo mantém o posicionamento como SUV familiar acessível, mas com melhorias em vários domínios que o tornam uma proposta bem mais robusta.

Visualmente, o novo EHS apresenta-se com linhas mais refinadas. A nova grelha frontal e as óticas dianteiras de desenho mais delgado reforçam o seu caráter moderno. A linha de cintura elevada, as janelas mais estreitas e os ombros vincados da carroçaria conferem-lhe um ar mais sólido e sofisticado — um verdadeiro salto em relação ao modelo anterior.

Um dos grandes avanços desta nova geração prende-se com o espaço interior. Graças ao aumento de 10 cm no comprimento, acompanhado por uma maior distância entre eixos e largura, a habitabilidade melhorou de forma evidente. O resultado traduz-se num conforto superior para todos os ocupantes. A bagageira também cresceu, agora com 507 litros disponíveis — quase mais 50 litros do que anteriormente — apesar da inclusão de uma bateria de maiores dimensões.

No interior, as novidades continuam com a adoção de dois novos ecrãs de 12,3 polegadas, integrados num painel horizontal diante do condutor. Um deles assume a função de painel de instrumentos digital, enquanto o outro gere o sistema multimédia, agora compatível com Apple CarPlay e Android Auto (ainda que apenas via cabo USB tipo 2).

O volante apresenta um novo design, tal como o seletor da caixa de velocidades. A MG reivindica melhorias nos materiais, e de facto, a pele sintética aplicada nas portas, tablier e bancos — com regulação elétrica — revela um bom nível de qualidade. No entanto, essa qualidade não é totalmente transversal: as zonas superiores do habitáculo revelam um cuidado inferior na montagem.

Ao volante

É ao volante que o MG EHS regista as mudanças mais significativas — e inegavelmente para melhor. A condução está mais refinada, o conforto foi aprimorado e a eficiência elevada a outro nível, tanto em modo elétrico como a combustão.

Embora o novo modelo seja ligeiramente mais pesado, o aumento de potência de 258 para 272 cv compensa inteiramente os cerca de 70 kg adicionais. A bateria também foi revista, passando de 16,6 kWh para 21,4 kWh úteis. Graças à gestão energética otimizada, a autonomia elétrica mais do que duplicou. A marca anuncia até 120 km em cidade, sendo relativamente fácil alcançar 100 km em condições reais de utilização urbana. Em autoestrada ou percursos mais rápidos, esse valor desce naturalmente para cerca de 70 km.

No que toca a carregamento, a potência máxima é de 7 kW. Numa ligação trifásica, uma carga completa demora cerca de 3 horas. Numa tomada doméstica convencional, bastará uma noite — pouco mais de 10 horas — para repor totalmente a carga.

Em viagens mais longas, o sistema híbrido plug-in revela a sua maior mais-valia. O motor 1.5 turbo, com 143 cv, consome entre 6 e 7 litros/100 km em modo exclusivamente a combustão. Com um depósito de 55 litros (mais 20 do que o anterior), a autonomia combinada pode facilmente ultrapassar os 1.000 km — um argumento muito forte para quem valoriza a versatilidade.

As prestações também foram ligeiramente melhoradas: dos 0 aos 100 km/h em menos de 7 segundos, com a velocidade máxima limitada a 190 km/h. Curiosamente, o cruise control apenas permite regulação até aos 150 km/h, uma decisão tomada em nome da segurança.

Na dinâmica, o EHS não pretende ser desportivo. A suspensão está claramente orientada para o conforto, funcionando em sintonia com os bancos, que se destacam sobretudo pelo suporte inferior — surpreendente para uma marca generalista. Em curva, o EHS mostra-se previsível, embora limitado pela altura ao solo e pelos pneus, que rapidamente emitem sinais acústicos quando levados ao limite. No entanto, fá-lo bem antes de perder aderência real.

Apesar da origem chinesa, a direção do MG EHS apresenta-se com boa calibragem. Ao contrário de outras marcas chinesas presentes na Europa, como a BYD ou a Xpeng, este modelo oferece um feedback que se aproxima do padrão europeu. Ainda que muito desmultiplicada, a ligação entre o condutor e a estrada é clara e confiante.

Preços

É no preço que o MG EHS reafirma uma das suas maiores vantagens competitivas. A par do Leapmotor C10, recém-chegado ao mercado, é o SUV híbrido plug-in do segmento C mais barato disponível. E, simultaneamente, um dos que oferece maior autonomia real em modo elétrico.

Os preços começam nos 37.900 € para a versão Comfort e sobem para os 40.900 € na versão Luxury. Para empresas e ENI, acresce a vantagem fiscal da dedução do IVA, tornando esta proposta ainda mais apelativa.

Entre os equipamentos que distinguem a versão Luxury estão os bancos elétricos aquecidos com memória, sensores dianteiros de estacionamento, câmara 360º, carregamento por indução para smartphones, jantes de 19 polegadas (em vez de 18”) e um sistema de som aprimorado.

Independentemente da versão, o MG Pilot — sistema de assistência à condução da marca — é incluído de série e apresenta um bom grau de sofisticação e calibração.

Apesar do ligeiro aumento de preço face à geração anterior, o novo MG EHS continua a posicionar-se como uma das propostas mais acessíveis e equilibradas do segmento. E justifica plenamente o novo valor pelos argumentos técnicos e de conforto que agora apresenta.