O sucesso da KIA anda sempre de mãos dadas com este modelo, o Sportage, o mais vendido da marca a nível mundial e que já comercializou mais de 5 milhões de unidades ao longo da sua história de mais de 30 anos, e a 5ª geração do Sportage renovou os votos para continuar na senda do sucesso, chegando com uma imagem não conformista, inspirada no bem-sucedido KIA EV6, e com uma oferta amplamente eletrificada.
No entanto, a versão mais simples e tradicional em termos de motorização, com um motor 1.6 a gasolina, com 160cv, e sem qualquer ajuda elétrica, algo raro nos dias de hoje, mas que ajuda a manter os preços deste Sportage num patamar bastante mais simpático. Será esta a escolha mais racional para o mundo real?
A KIA precisava de um Sportage com argumentos fortes para não ficar para trás na feroz competição entre os C-SUV. E a verdade é que graças à vasta lista de equipamento de série, à estética arrojada, ou até os 7 anos de garantia, no papel, este é um dos modelos com melhores trunfos para a vencer.
Mas comecemos pelo design. A grelha “Tiger Nose” — uma assinatura da Kia — ganha uma grande preponderância neste modelo. Foi redesenhada e ampliada, sendo agora mais larga e imponente. Flanqueando a grelha, os faróis LED de formato angular, com assinatura luminosa em forma de bumerangue, dão ao Sportage um olhar futurista, não só aprimorando a estética, mas também garantindo uma presença inconfundível na estrada.
Na lateral, encontramos um perfil de cintura elevada e caves de roda robustas que acentuam a sua natureza SUV.
A traseira do Sportage é igualmente impressionante e distinta, com os faróis, estilizados por formas geométricas, a serem conectados por uma barra LED horizontal que o atravessa em toda a largura.
Interior
Já no interior, é notório que a KIA se preocupou em criar um espaço que não só agrada visualmente, mas também a nível de conforto e conectividade. O Sportage segue o legado deixado pelo KIA EV6, considerado carro do ano em 2022, ao pedir-lhe emprestado, por exemplo, o seletor de marchas ou os os dois ou ecrãs de 12.3’’ ligeiramente orientados para o condutor. Um que cumpre as funções de instrumentação, e outro que acolhe todo o infoentretenimento. Sistema de infoentretenimento esse que é bastante completo e responsivo, porém denso e que requer alguma habituação para operar com naturalidade.
De série o KIA Sportage integra também conectividade Apple CarPlay e Android Auto, no entanto a ligação é apenas feita com recurso a um cabo USB.
Apesar de ser um interior altamente tecnológico, o Sportage não dispensa os comandos “físicos” para a navegação e climatização, e com o detalhe de que estes comandos partilham exatamente os mesmos lugares, mudando de função com o simples toque de um botão, um pormenor muito inteligente que nos permite rapidamente aumentar o volume do rádio ou a temperatura da climatização, sem necessidade de recorrer constantemente a menus no ecrã.
A escolha de materiais no interior do Sportage foi altamente cuidada, e apesar de ser um carro de uma marca de volume, se no volante estivesse um logótipo de uma marca premium alemã, não ficaria espantado. Mas quanto à durabilidade, só o tempo o dirá. O certo é que aqui dentro não existem para já quaisquer ruídos parasitas, e o habitáculo está muito bem insonorizado, mesmo a velocidades de auto-estrada e não ignorando o facto de este se tratar de um automóvel menos favorecido aerodinamicamente pela sua elevada altura ao solo.
Mas não é só à frente que os passageiros do Sportage são “mimados”. Atrás, além dos passageiros contarem com uma regulação do ângulo das costas do assento, o espaço é muito razoável para 2 adultos, já que o lugar do centro está longe de ser confortável para utilização frequente, e os encostos de cabeça dos bancos dianteiros integram, além de tomadas USB-C, uma solução que permite suportar um tablet e que estou certo que é um pormenor que fará as delícias dos mais pequenos nas viagens em família.
Quanto ao espaço disponível na bagageira encontramos 562L de volumetria, um pormenor que lhe permite superar-se face a concorrentes diretos como o Nissan Qashqai ou o Skoda Karoq.
Ao volante
A gama Sportage está disponível nas versões full hybrid com 230cv, numa inédita versão híbrida plug-in com 265cv, e a mais recente a juntar-se à família foi esta versão 1.6, com 160cv, sem qualquer ajuda elétrica, numa primeira fase disponível apenas com uma caixa manual de 6 velocidades, mas agora também com esta caixa automática DCT de 7 relações, que ajuda a elevar as doses de conforto na condução, embora nos modos de condução mais económicos se revele algo hesitante.
As prestações deste motor são honestas, e convenhamos, são mais do que suficientes para aquela que será a vida da grande generalidade dos KIA Sportage em circulação, destacando-se sobretudo pela suavidade no trabalhar e na entrega de potência e pela ausência de vibrações. Falamos de uma aceleração dos 0 aos 100km/h em 9.4 segundos, meio segundo menos do que na versão com caixa manual, e de uma velocidade máxima de 190 km/h.
Graças a uma dieta de mais de 120kg desta versão para a full hybrid, os cerca de 60cv a menos desta versão não são tão perceptíveis, ainda assim é notório que qualquer uma das versões eletrificadas consegue entregar um pouco mais de alma e emoção. O Sportage é um SUV construído sobre uma plataforma muito bem nascida e consegue facilmente tolerar alguns abusos sem nunca perder a compostura e a segurança.
A direção é leve, o que ajuda na cidade, mas ganha precisão quando ativado o modo de condução mais desportivo. Não é a proposta mais divertida do seu segmento, mas oferece um excelente compromisso entre dinamismo e conforto.
No que toca a consumos anunciados, a KIA anuncia 7.1L/100km percorridos para esta versão Tech, com caixa automática, valores que num mundo real rondarão os 8L/100km percorridos, sendo claramente o menos eficiente de todos os Sportage.
A versão PHEV anuncia uma autonomia elétrica de 70km, e a versão full hybrid promete consumos abaixo dos 6L/100km, meta que consegue cumprir com facilidade em ambiente urbano. Quando ensaiamos esta versão, em auto-estrada, os consumos eram naturalmente superiores aos desta versão fruto do peso acrescido. No fundo, é tudo uma questão de analisar as necessidades, e claro, os números, e é aí que esta versão “à antiga” brilha mais alto.
Tendo em conta os preços dos automóveis nos dias de hoje, e que esta versão custa 34.650€, valor que pode ser ainda mais baixo graças às frequentes campanhas que a KIA faz, e tendo também em conta todo o nível de equipamento e a garantia, os cerca de 10.000€ menos que a versão HEV, que por si só já estava bastante bem precificado, tornam-no numa excelente opção para quem procura um carro “simples”, com espaço para tudo, e todos, e sem ter que se preocupar com tomadas de carregamento.
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