9 abril 2025

Ao volante do Alfa Romeo Stelvio: o SUV para quem conduzir importa

Sejamos honestos: aquilo que distingue um BMW X3, um Mercedes GLC ou um Audi Q5, é sobretudo, a estética, porque no segmento premium, é difícil apontar grandes falhas à tecnologia ou conforto de qualquer um destes modelos. Por isso, se a Alfa Romeo queria vingar neste tão competitivo segmento, a cartada a jogar tinha que ser ousada, mas sobretudo diferente, ou corria o risco de ser apenas “só mais um”.

E foi assim que em 2016 nasceu o Stelvio, o SUV que nos veio mostrar que os principais pilares da história da Alfa Romeo conseguem conviver em plena harmonia com a carroçaria da moda, e que mesmo passados mais de 8 anos, com apenas algumas modestas alterações estéticas, este continua um modelo tão atual como qualquer outro em termos de aparência e tecnologia, mas tão diferente para quem se senta ao volante.

Lançado em 2016, o Alfa Romeo Stelvio marcou a estreia da marca italiana no competitivo segmento dos SUV premium, trazendo consigo a herança de uma marca centenária conhecida pela paixão ao volante e pelo design inconfundível.

O pormenor do nome, em homenagem à lendária estrada de montanha Passo dello Stelvio, a estrada a maior altitude em itália e cujas 60 curvas contornam os alpes orientais, deixa antever as principais premissas deste modelo: combinar a versatilidade e robustez necessárias para aventuras à dinâmica de condução característica de uma das mais lendárias marcas de automóveis: a Alfa Romeo.

Alfa Romeo Stelvio

Dono de uma estética que é ainda apaixonante e que continua a mascarar por completo passar dos anos, o Stelvio mudou pouco por fora, mas o suficiente para notar as diferenças, encontradas sobretudo na sua dianteira, onde a nova assinatura luminosa frontal, com 3 LEDs full matrix individuais, vai buscar alguma inspiração do seu design ao lendário Alfa Romeo SZ.

Nesta particular versão Tributo Italiano, a marca vinca o orgulho na sua origem, adicionando uma pintura em dois tons, com o tejadilho em preto, associados às três cores referentes à bandeira “tricolore” italiana: Verde Montreal, este Bianco ou ainda o Rosso Alfa. Bandeira essa que está também presente nas capas dos espelhos deste modelo, e em vários detalhes no interior.

Interior esse onde as diferenças são também muito subtis nesta versão atualizada de meio ciclo, mas suficientes para fazer o Stelvio subsistir às necessidades tecnológicas dos tempos recentes, tentando da melhor forma conjugar o analógico com o digital, naquilo que se transforma numa experiência perfeita para o condutor.

O painel de instrumentos é agora totalmente digital, e permite 4 visualizações distintas, 3 “à la carte”, e uma exclusiva quando accionamos o modo dinâmico.

Também o ecrã multimédia é agora digitalmente assistido por toque, mas mantém na consola central os controlos físicos, que permitem um melhor e mais intuitivo manuseamento enquanto estamos a conduzir.

Os bancos desportivos oferecem um ótimo suporte, mas também generosas doses de conforto, sendo, como à semelhança de todo o habitáculo, forrados totalmente em pele, embora a abordagem “frontal” seja mais vocacionada para a vertente desportiva, e atrás, para o conforto.

E embora a qualidade do interior não esteja inteiramente ao nível das mais prestigiadas marcas alemãs, a verdade é que acaba por fazer inteiramente justiça ao posicionamento premium do modelo, acabando por compensar com mais argumentos no lugar onde realmente importa: o do condutor.

Ao volante

É em estrada que sentimos o verdadeiro caráter do Stelvio, e chega até a ser algo confuso nos primeiros quilômetros como é que um carro, com uma posição de condução tão elevada, e de tão generosas dimensões, consegue ser tão ágil e ter uma direção quase milimetricamente precisa.

E no que toca a prazer de condução, sobretudo quando o queremos compilar num automóvel prático para toda a família, o Stelvio é sem margem de dúvida a referência neste segmento premium.

A bagageira conta com 525L de capacidade, e atrás, na segunda fila, dois adultos encontram o espaço ideal para viajar, já que o túnel central que garante a tração integral deste modelo conta com dimensões generosas, que acabam por roubar um pouco do espaço disponível para as pernas.

E o curioso, e ao mesmo tempo diria, algo contraproducente, é o facto de esta unidade em particular estar equipada com uma motorização diesel, que em quase nada belisca as performances do Stelvio face ao modelo a gasolina, sobretudo em curva, mas que faz muito pelos consumos. E neste capítulo, o diesel ainda continua a ser o rei, e talvez até, a opção mais sensata para este Stelvio.

Este bloco 2.2 é já um velho conhecido da família Alfa Romeo, mas foi sendo atualizado para cumprir com todos os regulamentos da norma Euro 6. E associado a esta fantástica caixa ZF de 8 relações, por exemplo, a mesma que encontramos em modelos da BMW, permite ao Stelvio rolar na casa abaixo das 2000rpm a velocidades estabilizadas de auto-estrada, permitindo depois que este SUV de mais de 1700kg de peso fazer consumos bem abaixo dos 7L/100km, e que seriam até mais baixos se os ritmos adoptados fossem mais comedidos, mas confesso que num Alfa Romeo, sobretudo quando estamos sozinhos e encontramos um troço de estrada mais revirado, é difícil sermos ponderados no estilo de condução.

Os habituais modos de condução A, D e N também ajudam a transformar a personalidade do Stelvio com o simples rodar de um botão. O primeiro, Advanced Efficiency, é aquele que prima pelos melhores consumos, tornando a resposta do acelerador mais lenta, e desacoplando o motor e a caixa de velocidades para que possa rodar em modo roda livre. O N é o pre-definido do Stelvio, adequado a uma condução mais despreocupada, onde a performance nunca é posta em causa, muito graças aos 400Nm de binário disponibilizados por este motor à mercê do nosso pé direito. E por último, o D, o modo mais dinâmico, melhora a resposta do acelerador e confere ainda mais precisão à direção, garantindo que este executivo fica pronto para enfrentar qualquer curva.

Motor colocado atrás do eixo dianteiro, que melhora o centro de gravidade do carro, e barra estabilizadora que ajuda a reduzir a inclinação lateral da carroçaria, mantendo-o sempre bem composto.

A adoção das patilhas seletivas fixas, em alumínio, na coluna da direção, também muito fazem por tornar a condução mais envolvente, mas sobretudo, damos por nós a pilotar muito mais a caixa do que seria o esperado num qualquer outro automóvel com caixa automática, mesmo que equipado com patilhas “normais” atrás do volante. Por exemplo, usamos muito mais as patilhas para reduzir a velocidade, ao chegar a uma curva, a uma rotunda, e também poupamos as pastilhas de travão, que como sabemos, nos automáticos, por normal, têm uma utilização mais intensa.

Mesmo nesta motorização diesel, a aceleração dos 0 aos 100 é cumprida em apenas 6.6 segundos, 0,9 segundos mais do que a versão a gasolina, e a velocidade máxima topa nos 220km/h.

O único pormenor que acaba por, não diria estragar, mas retirar alguma emoção à experiência de conduzir este Stelvio no dia-a-dia, seria mesmo o som demasiado diesel deste motor, que acaba por ser demasiado audível no habitáculo. Talvez um sinal dos tempos e da cada vez mais abrangente eletrificação que faz com que os nossos ouvidos fiquem cada vez mais sensíveis a estes barulhos.

Preços

Quanto a preços, o Stelvio começa nos 66.300€ para a versão diesel apenas de tração traseira e 160cv, cerca de 5000€ menos do que esta versão com tração integral e 210cv, e cerca de 6000€ menos do que a versão equipada com o bloco 2.0 a gasolina de 280cv.

E face à concorrência, a Alfa Romeo assume-se claramente com um posicionamento premium, e o produto faz-lhe justiça. Embora em termos tecnológicos a marca italiana não esteja no mesmo nível das alemãs, as motorizações são sempre mais potentes do que os equivalentes nas marcas concorrentes, e o preço faz sempre jogo semelhante, e sem qualquer sombra de dúvida oferece mais emoção do que qualquer outra proposta no lugar que mais importa neste segmento: o do condutor.

 

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