25 setembro 2025

A UE reafirma o fim dos veículos a combustão em 2035

A UE reafirma o fim dos veículos a combustão em 2035 apesar de pressão da indústria

A discussão sobre o futuro da mobilidade na Europa voltou a ganhar destaque após a Comissão Europeia reafirmar que manterá a meta de 2035 para proibição da venda de veículos novos com motores de combustão interna. Apesar dos desafios e das críticas vindas da indústria automóvel, Bruxelas insiste que o objetivo continua válido, embora com possibilidade de flexibilizações.

UE mantém meta de fim dos veículos a combustão em 2035

A Comissão Europeia não recua: planeia reduzir 100% das emissões de CO? provenientes de automóveis e furgões novos até 2035, o que corresponde à proibição prática de carros novos a gasolina ou diesel. Recentemente, foi decidido antecipar para final de 2025 a revisão dessa legislação, em vez de esperar até 2026, em resposta à pressão da indústria.

Embora a meta de 2035 esteja mantida, não se excluem exceções específicas, nomeadamente para veículos híbridos plug?in ou motores de combustão utilizados como complemento (range extenders), ou, possivelmente, combustíveis sintéticos ou neutros em carbono, dependendo do resultado do relatório de avaliação previsto para a primavera de 2026.

Principais argumentos e desafios

A indústria automóvel europeia tem manifestado preocupações sérias. Entre os obstáculos mais frequentemente apontados destacam?se:

  • Dependência de matérias?primas e componentes, especialmente baterias, cujas cadeias de abastecimento passam por países fora da UE, com custos elevados.
  • Concorrência global, sobretudo com fabricantes chineses ou com políticas nos EUA que podem favorecer empresas fora da Europa, colocando em risco a competitividade europeia.
  • Elevados custos iniciais de investimento para adaptação industrial, infra?estrutura de carregamento, produção de energia renovável e formação de recursos humanos.
  • Proporção ainda relativamente baixa de veículos elétricos novos no mercado europeu, o que torna a transição mais exigente.

Por outro lado, a Comissão Europeia e defensores da meta argumentam que manter o prazo de 2035 é essencial para cumprir os compromissos climáticos da UE, tais como neutralidade carbónica até 2050, além de estimular inovação tecnológica, reduzir emissões de transporte e alinhar o mercado europeu com as metas do Acordo Verde.

Possíveis ajustes e flexibilidade

Embora a promessa de 2035 permaneça, várias fontes antecipam a introdução de flexibilidade ou exceções:

  1. Híbridos plug?in e motores auxiliares: veículos que utilizem combustão apenas como complemento poderão vir a ter regras distintas.
  2. Combustíveis sintéticos ou neutros em carbono: há propostas para que veículos movidos por combustíveis que não gerem emissões líquidas substanciais possam continuar a ser registados ou vendidos depois de 2035.
  3. Revisão antecipada da lei: a revisão regulatória, agora antecipada para o final de 2025, poderá introduzir ajustes nos prazos intermédios ou critérios de implementação.

Implicações para Portugal

Para o mercado português, estas mudanças terão consequências relevantes. Primeiro, espera?se que fabricantes e importadores antecipem ofertas de modelos elétricos ou altamente eletrificados, para evitar penalizações e assegurar competitividade. O Estado terá de reforçar políticas de incentivo (subvenções, benefícios fiscais) para tornar os veículos limpos mais acessíveis.

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Além disso, será imperativo expandir a rede de carregamento, tanto público como privado, e garantir que a energia eléctrica usada seja cada vez mais de origem renovável, para que os benefícios ambientais sejam reais. Também haverá implicações para os fornecedores automóveis nacionais: quem não se adaptar poderá sofrer perdas, mas quem conseguir entrar ou inovar poderá beneficiar de novos mercados e apoios.

Do ponto de vista do consumidor, os custos iniciais dos veículos elétricos tendem a continuar elevados, embora previstos benefícios ao longo do tempo (menores custos de manutenção, operação e impostos). Será também importante haver clareza e previsibilidade regulatória, para evitar indecisões e incertezas que retardem decisões de compra.

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