Mais de 50% dos automóveis vendidos na Europa são SUV

Os números de matrículas novas confirmam o ritmo veloz da mudança do paradigma no setor automóvel na Europa, com o claro aumento da popularidade dos elétricos, em detrimento dos motores de combustão. Porém, de acordo com os dados oficiais, há no Velho Continente outro fenómeno em franca aceleração, independentemente do tipo de energia, o dos SUV, formato de carroçaria que reúne as preferências dos europeus e já vale mais de metade do mercado.
Pela primeira vez, as vendas de SUV na Europa atingiram uma quota de mercado de 51%, com subidas em todos os segmentos em que estão representados.
São números da primeira metade de 2023, divulgados pela Dataforce, e que revelam que um em cada dois consumidores europeus, que decidiram comprar um carro novo, optaram por um SUV. Cenário que não deve conhecer nenhuma alteração relevante com a divulgação dos resultados dos doze meses.
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As vendas de SUV continuarão a crescer a um ritmo superior ao do mercado no geral: 23% contra 17,6%. E, em algumas classes, em termos percentuais, o crescimento é mais do dobro.
O segmento B-SUV é atualmente o mais popular na Europa, com 1,13 milhões de unidades vendidas em meio ano, o que representa uma subida de 16% face ao período homólogo de 2022.
Mais significativa foi a aceleração no segmento C-SUV, com subida de 22%, para mais 999 mil unidades vendidas, enquanto os outros formatos do segmento médio-inferior não foram além dos 760 mil exemplares entregues (mais 18% do que em 2022).
Tesla lidera venda de SUV
A oferta SUV continua a multiplicar-se em todos os segmentos mais importantes do mercado, o que ajuda a explicar como a popularidade do formato automóvel da moda se tem traduzido em vendas. Entre os SUV mais bem-sucedidos comercialmente no Velho Continente, o destaque vai para o Tesla Model Y.
Mas vários outros modelos tiveram uma presença dominante no primeiro semestre de 2023. Casos do Volkswagen T-Roc, SUV produzido na fábrica portuguesa da Autoeuropa, e que alcançou o notável estatuto de segundo SUV mais vendido, seguindo do muito perto pelo Toyota Yaris Cross.
SUV mais vendidos na Europa:
- Tesla Model Y
- Volkswagen T-Roc
- Toyota Yaris Cross
- Volkswagen Tiguan
- Dacia Duster
- Hyundai Tucson
- Peugeot 2008
- Kia Sportage
- Renault Captur
- Ford Puma
Europa contra o resto Mundo
Os números mundiais relativos ao ano completo de 2023 ainda não são definitivos, mas o Tesla Model Y (SUV 100% elétrico) foi o automóvel mais vendido do mundo no primeiro trimestre, no segundo trimestre e no terceiro trimestre… Mantendo-se a tradição, que diz que a marca de Elon Musk guarda para os últimos trimestres os melhores resultados comerciais, e com uma previsão de cerca de 328 mil unidades entregues do Model Y até dezembro, dificilmente não será o modelo mais vendido do mundo este ano.
De acordo com os analistas, o Toyota Corolla fará provavelmente cerca de 1.080.000 de unidades este ano, enquanto o Tesla Model Y atingirá cerca de 1.220.000 de vendas, 13% mais.
Portugal alinha pela tendência
Em 2023, a Peugeot afirmou-se como a marca mais vendida em Portugal, mantendo a liderança pelo terceiro ano consecutivo. De acordo com os dados da ACAP, entre janeiro e dezembro, a marca do leão vendeu 25.815 automóveis ligeiros novos, alcançando 11,3% de quota de mercado, e colocando um SUV no topo das tabelas das vendas. O Peugeot 2008 não só liderou o seu segmento, como foi o automóvel mais vendido no país.
Ser contra os SUV está na moda?
Apesar do tremendo sucesso, o formato da moda também tem alimentado discussões, quase sempre relacionadas com mudança de perceção. À medida que a crise climática global se revela com mais intensidade, os SUV, automóveis mais pesados e mais gastadores, são cada vez mais alvos da causa ambientalista.
Ser contra os SUV está na moda. E o fenómeno está a ganhar tração. Karima Delli, eurodeputada francesa e presidente da Comissão dos Transportes e Turismo, apresentou uma proposta para a introdução de uma nova carta de condução específica para os SUV de peso superior a 1800 kg, considerando que, além de ocuparem mais espaço na estrada e emitirem mais CO2, também são “em termos de segurança rodoviária, mais suscetíveis de se envolverem em colisões do que os automóveis ligeiros de passageiros, com consequências muito mais graves”.
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Já Vincent Cobée, que deixou em março o cargo de diretor executivo na Citroën, acredita mesmo que o segmento SUV tem os dias contados, por incompatibilidade com a eletrificação, devido à aerodinâmica desfavorável. “Num EV com bateria, se a sua aerodinâmica estiver errada, a penalização em termos de autonomia é enorme”, afirmou, explicando que pode perder-se “até 50 quilómetros entre uma aerodinâmica boa e má”, e que “entre um SUV e uma berlina estamos a falar de 60/70/80 quilómetros com muita facilidade”.
Cobée também considera que o aumento do peso médio dos automóveis nos últimos tempos “não é aceitável”. “As pessoas começarão a limitar o peso e os tamanhos das baterias, seja por meio de impostos, incentivos, regulamentação, nomeação e vergonha”, disse.
Até ver, os números não o apoiam nesta teoria…
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