A pisar o tapete da Octane…

Houve uma altura em que a AMG ainda não tinha filtros...

Como se dizia na época, "...2litros?!? Só se for mesmo em pacotes de leite ou garrafas de agua...".

O luxo vinha com tração traseira e o respeito era medido em decibéis. Foi nessa altura que nasceu o SLS. Um automóvel que não se explica em catálogos ou brochuras, ouve-se, conduz-se e teme-se um bocadinho também.

Este exemplar passou anos em silêncio. Parado... À espera... Não por esquecimento, mas porque nem todos os carros são feitos para estar sempre expostos. Alguns estão apenas a hibernar até que alguém os volte a merecer. Agora, o momento chegou...

Em 2011, a Mercedes-Benz decidiu fazer algo que não volta a repetir, um supercarro com alma própria, sem filtros, sem turbos e sem vergonha do barulho que fazia. Chamaram-lhe SLS AMG. Nós chamamos-lhe o último dos gladiadores atmosféricos de Affalterbach.

Este exemplar nacional apresenta-se com apenas 21.000 km, num contraste visual absolutamente icónico. No exterior o Prata Iridium, no interior o Classic Red, como quem veste fato cinzento mas tem o coração a bater a 7.000 rpm.

Com histórico de manutenção em concessionário oficial Mercedes-Benz, este SLS esteve resguardado nos últimos anos. Teve pausas, não por desleixo, mas por respeito. Como uma peça de arte que só se mostra quando faz sentido. Agora regressa com revisão completa, quatro pneus novos e garantia incluída no momento da entrega.

Debaixo deste capôt interminável vive o famoso 6.2 V8 atmosférico (que na realidade são 6208cc, pois os alemães mentiram-nos com estilo), com 571 cv a gritar por uma reta larga. Caixa de dupla embraiagem, tração traseira, e aquele feeling mecânico que os AMG modernos já só conseguem simular com software.

Portas asa de gaivota? Sim...

Presença de nave imperial? Também...

Capacidade de provocar arrepios só ao ralenti? Confirmadíssimo...

Este SLS é tão brutal quanto elegante, e é isso que o torna eterno. Ao contrário de muitos superdesportivos modernos, não quer agradar a todos. Quer apenas ser memorável e consegue.

Esqueça os híbridos, os modos "eco", os ecrãs com assistentes virtuais. Isto é a velha guarda , nua, crua, nobre e com um ronco que dá ordens, não sugestões.

Se o futuro é silencioso…

Aproveite enquanto ainda se pode fazer barulho.

E se está a ler isto, talvez seja porque este carro, tal como há anos atrás, aguarda por si.

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