Carros movidos a energia solar

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Por que não existem carros movidos a energia solar?

A ideia que temos de carros movidos a energia solar são a de protótipos e ensaios laboratoriais e futuristas, como os veículos que participam no World Solar Challenge, uma competição de carros solares que se realiza de dois em dois anos, num percurso de 3000km no deserto australiano. Mas será que é só isso?

As atuais alternativas aos combustíveis fósseis para mover carros são a energia elétrica e o hidrogénio. Porém, qualquer destas soluções (tal como os combustíveis fósseis) podem ser também um aproveitamento indireto da ação do Sol. Então porque não ir diretamente à fonte, dispensando produtos “intermediários”?

As atuais dificuldades

A resposta é que, com as atuais tecnologias, o aproveitamento de energia solar ainda é baixo. Já usamos painéis solares para produzir eletricidade e existem aparelhos e dispositivos leves acionados pelos raios de sol, mas a energia necessária para deslocar uma viatura que seja um verdadeiro meio de transporte de pessoas e mercadorias, com autonomia razoável, é muito superior e requer uma maior e mais eficiente utilização do que recebemos do Sol. Porém, a solução pode estar para breve.

Para o professor de engenharia mecânica Jeremy Michalek, da Universidade de Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, a utilização exclusiva de energia solar para mover uma viatura seria inviável no momento. Segundo ele, um metro quadrado de superfície terrestre pode captar no máximo 1 quilowatt (kW) de energia solar ao longo de um dia, mas nem tudo isso pode ser convertido em energia elétrica. E explica que os equipamentos atuais mais em conta conseguem converter no máximo 33% da luz captada em eletricidade, o que seria insuficiente. Seria necessário um aproveitamento de 44%. Isso seria possível com materiais mais inovadores, mas muito caros atualmente, o que tornaria a produção desses veículos economicamente inviável.

O futuro bate à porta

Desse modo, seria necessário um movimento combinado da indústria, com introdução de tecnologias mais simples e baratas, para criar veículos solares acessíveis e populares. Mas será que este movimento já está em marcha?

Quem não se lembra dos primeiros telemóveis? Aparelhos pouco práticos e caríssimos. E dos primórdios dos veículos elétricos? Os primeiros passos na introdução de inovações são sempre tímidos e dispendiosos.

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A realidade é que um processo similar ao que sucedeu com os telemóveis e os veículos 100% elétricos já se está a verificar no que toca aos carros solares, com várias iniciativas, umas num estádio mais avançado que outras. Eis aqui algumas:

O Sion da Sono Motors

A startup alemã Sono Motors, fabricante do carro movido energia solar Sion, garante ser capaz de criar uma viatura com quatro metros quadrados de painéis e células de captação, capazes de produzirem cerca de 8 kW diários. Essa quantidade de energia proporcionaria uma autonomia de cerca de 40 km para um carro como o elétrico Nissan Leaf. Porém, a produção em larga escala do chip necessário para viabilizar essa viatura ainda é muito cara.

O C-Max Energi Solar da Ford

A Ford desenvolveu um protótipo híbrido, o C-Max Energi Solar. Esse veículo dispõe de uma lente especial, denominada Fresnel, que envia a luz do Sol para as células solares da viatura, aumentando em oito vezes o seu impacto, alimentando a bateria do carro. Em dias com pouca luz solar, a bateria poderá ser recarregada com energia elétrica, através de um sistema plug-in.

A proposta mais avançada

À frente nesta corrida à produção em massa de carros movidos a energia solar está a startup holandesa Lightyear que já aceita encomendas para o seu automóvel elétrico movido a energia solar, o Lightyear One, cujas entregas, que estavam previstas para o final de 2021, estão ligeiramente atrasadas.

Tal como o protótipo da Ford, o Lightyear One é um veículo híbrido, que também usa um sistema plug-in de fornecimento de energia elétrica, para complementar o proporcionado pelos cinco metros quadrados de painéis solares no tejadilho e capot. O fabricante anuncia que o carro pode rolar cerca de 60 km em modo 100% solar. A isto somam-se cerca de 725 km (ciclo WLTP) com recurso à energia elétrica.

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O Lightyear One, tem um design aerodinâmico com coeficiente inferior a 0,20 e dispõe de quatro motores independentes, que debitam um total de 136 cv e 1200 Nm, proporcionando uma velocidade máxima de 150 km/h. Com quatro portas e cinco lugares, a bagageira tem uma capacidade de 780 litros (1701 litros com os bancos traseiros rebatidos), a que se somam 12 litros na consola central.

A produção está limitada a 946 unidades e o preço é “apimentado”: desde 150.000€.

Em resumo: a produção de carros solares que sejam viáveis meios de transporte já começa a ser uma realidade e com o surgimento de novas tecnologias mais acessíveis é de prever que, num futuro próximo, eles se tornem propostas apetecíveis ao alcance do grande público.

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