O feno?meno do roubo dos catalisadores

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O fenómeno do roubo dos catalisadores

Depois dos autorrádios, das jantes e dos pneus, agora são os catalisadores dos carros que estão a chamar a atenção dos criminosos. Este tipo de furto continua a aumentar em Portugal e, segundo dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), até agosto deste ano foram registadas 3206 queixas de proprietários de automóveis que ficaram sem esse componente; mais 2367 ocorrências do que em 2020.

Em bom estado, os catalisadores, que têm como função filtrar os gases do motor para controlar as emissões de partículas nocivas para a atmosfera, destinam-se ao mercado de revenda, num circuito que conta com a participação de oficinas menos sérias, que adquirem aqueles componentes furtados e os colocam novamente à venda.

Os metais nobres que compõem os catalisadores

Mas, independentemente de se encontrarem praticamente novos ou muito usados, os catalisadores também são procurados pelos valores elevados dos metais nobres na sua composição, sobretudo a platina, o paládio e o ródio. Este último, subproduto da mineração de platina e do paládio, muito escasso no mundo, é 100 vezes mais raro do que ouro e cinco vezes mais valioso – só diamantes de elevada qualidade têm mais valor.

O ródio é um metal altamente valorizado porque aumenta a dureza de outros elementos, sendo usado em ligas de platina ou paládio para obter uma alta resistência à corrosão. Também é utilizado em joias (em quantidades mínimas), para aumentar a resistência do ouro e dar-lhe uma aparência mais brilhante.

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Na indústria automóvel, o ródio é procurado pela sua capacidade incomparável de reduzir o óxido de azoto (NOx) libertado pelo sistema de escape dos carros. Com o aumento da procura, para o cumprimento de regras antipoluição cada vez mais rígidas, a cotação deste metal disparou autenticamente.

E, por isso, mesmo que os catalisadores contenham apenas uns gramas de cada metal, estas peças são alvos apetecíveis para os criminosos.

Como são roubados os catalisadores?

As técnicas utilizadas pelos autores deste tipo de crime estão a ser estudas pelas autoridades, mas mudam de dia para dia. “As técnicas utilizadas estão em constante evolução e são cada vez mais audazes, havendo registos de casos da tentativa de furto destes componentes em veículos estacionados em locais com assinalável passagem de pessoas e em plena luz do dia”, revela a PSP.

A maioria dos criminosos utiliza uma serra circular elétrica convencional ou recorre ao corte a quente. De acordo com a polícia, os dois métodos, com alguma experiência, permitem a extração do catalisador de um automóvel em menos de 2 ou 3 minutos.

Há maior número de ocorrências na área metropolitana de Lisboa, em automóveis com matrículas entre 1998 e 2001.

Participar e prevenir

O crescimento exponencial do fenómeno levou a criar as Equipas Regionais de Investigação à Criminalidade Automóvel (SRICA), “especializadas em investigação criminal para análise das ocorrências, das tendências reportadas e dos fluxos subsequentes”.

A PSP sublinha também que é fundamental que os lesados apresentem sempre queixa, “mesmo em caso de mera tentativa, pois só tendo conhecimento do crime se pode iniciar a investigação e chegar à identificação dos seus autores”, explicam as autoridades.

Artigo relacionado: O que e? e como funciona o catalisador

E se uma participação pode ajudar a combater este tipo de crime, há também forma de o contrariar ou, pelo menos, dificultar à ação criminosa. Nas lojas de acessórios mais especializadas estão à venda as chamadas “gaiolas”, peças metálicas especialmente concebidas para proteger os catalisadores dos roubos. Não são 100% eficazes, mas ajudam a tornar mais difícil e demorado o trabalho de extração da peça, o que pode ter um efeito dissuasor.

Há uma nova droga feita com catalisadores

O roubo de catalisadores de automóveis é um fenómeno global. E há países onde o interesse nesta peça não se prende unicamente com o preço elevado dos metais na sua composição. Em África, o núcleo cerâmico dos catalisadores está a ser usado para fazer uma nova droga.

O primeiro alerta chega das autoridades congolesas, preocupadas com a popularidade crescente da “bombe” – significa “poderosa” em lingala, uma das línguas bantus, falada como idioma materno na região noroeste da República Democrática do Congo.

A substância perigosa é criada a partir da peça em formato de colmeia que permite ao catalisador do carro reter e filtrar as emissões poluentes dos motores, que é esmagada até ficar em pó, e depois misturada com outros químicos. Os seus consumidores ficam inertes ou apresentam comportamentos agressivos, sobretudo contra si próprios, segundo indicam os relatos das autoridades congolesas.

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