Como funciona a reciclagem de pneus

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Como funciona a reciclagem de pneus

Os pneus em fim de vida podem seguir três destinos: preparação para reutilização (incluindo recauchutagem), reciclagem ou valorização energética. Desde 2003 que esta atividade é licenciada e regulada em Portugal graças à Valorpneu, entidade que gere o Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados (SGPU).

Antes de explicarmos como funciona a reciclagem de pneus, importa realçar o papel da Valorpneu. No âmbito do seu licenciamento como entidade gestora de pneus usados, a Valorpneu tem como principal objetivo criar e desenvolver um sistema que permita gerir e processar, de forma adequada, o fluxo de pneus usados gerados anualmente.

Neste contexto, foi criado, há duas décadas, o SGPU (Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados), que se define como sendo um sistema articulado de processos e responsabilidades que visa o correto encaminhamento dos pneus em fim de vida, eliminando a deposição em aterro e promovendo a recolha, separação, retoma e valorização. Este sistema é financiado pela cobrança de uma taxa (Ecovalor) aquando da venda de um pneu introduzido no mercado nacional, seja ele novo ou usado.

Importância do Ecovalor

A Valorpneu utiliza o Ecovalor para financiar um sistema cuja responsabilidade se inicia na recolha (através da disponibilização de espaços próprios para armazenar, temporariamente, os pneus usados), passa pelo transporte (entre os operadores de recolha e os valorizadores) e termina na valorização (preparação para reutilização, incluindo a recauchutagem, reciclagem e valorização energética).

O sistema engloba ainda a promoção das suas atividades, através de processos de comunicação adequados, bem como o financiamento de atividades de pesquisa e desenvolvimento que contribuam para atingir os seus objetivos.

Artigo relacionado: Pneus recauchutados: boa ou má opção?

O Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados desenvolvido pela Valorpneu começa com a introdução de pneus novos ou em segunda mão no mercado nacional. Qualquer pessoa, singular ou coletiva, que coloque pneus no mercado nacional (fabrique, importe ou adquira na Comunidade Europeia) tem de celebrar um contrato com a Valorpneu, para que se possa faturar o Ecovalor respetivo dos pneus introduzidos no mercado (uma vez por pneu).

Para os distribuidores (ou quaisquer detentores de pneus usados) entregarem os seus pneus usados, encontra-se disponível uma rede de Centros de Receção distribuída pelo território nacional, onde qualquer pessoa, singular ou coletiva, pode descarregar os seus pneus usados a custo zero (o único custo que têm é o transporte até ao Centro de Receção mais próximo).

Posteriormente, os pneus são encaminhados pela Valorpneu dos Centros de Receção para os Pontos de Destino, sendo processados de acordo com as metas estabelecidas (essencialmente para reciclagem e valorização energética).

Nesta estrutura, privilegia-se o funcionamento dos mecanismos de mercado existentes e que demonstram funcionar, promovendo-se a viabilidade económica e financeira de atividades/agentes económicos que contribuam para o cumprimento das metas de eficiência ambiental propostas no DL152-D/2017.

Obtenção do granulado de borracha

A reciclagem, um dos destinos dos pneus em fim de vida, consiste no processamento de pneus usados, através do qual os seus materiais constituintes são, novamente, transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou para outros fins, nomeadamente como matéria-prima a incorporar noutros produtos. Exemplos? Betume modificado com borracha para pavimentação de estradas, pisos de parques infantis, pavimentos desportivos, campos de relva sintética e recintos diversos.

Os recicladores utilizam os pneus usados como matérias-primas, interessando-lhes, fundamentalmente, a borracha vulcanizada, sendo que, depois do processamento que efetuam, apresentam como produtos finais têxtil, aço e granulado de borracha com diferentes granulometrias, o qual é vendido para as aplicações acima mencionadas.

Dois dos processos mais conhecidos de reciclagem de pneus usados são o mecânico e o criogénico. O primeiro, consiste na trituração mecânica dos pneus. A borracha é fragmentada numa série de trituradoras e moinhos, sendo o aço retirado através de separação magnética e o têxtil separado por diferença de densidade.

No final do processo, o granulado de borracha é dividido em várias gamas, consoante a sua granulometria, através de crivos com diferentes dimensões de malha, podendo ser exportado para outros países ou ser aplicado em Portugal para diversas finalidades.

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Já o processo criogénico, em que é utilizado azoto líquido para congelar a borracha à temperatura aproximada de -160°C num túnel criogénico, permite a fragmentação da borracha e a produção de granulado de borracha fino.

O pneu sofre uma primeira trituração mecânica, sendo, em seguida, os seus fragmentos transportados para o túnel criogénico, onde a temperatura de entrada do azoto é de, aproximadamente, -192°C e a temperatura de saída da borracha é cerca de -80°C.

Após a passagem pelo túnel criogénico e pelos martelos pneumáticos, o aço e o têxtil do pneu são separados da borracha através de separação magnética e por aspiração, respetivamente.

Quanto aos produtos finais obtidos, o aço é vendido a empresas que processam metais (reciclagem). O têxtil, que até há pouco tempo era depositado em aterro controlado, é, atualmente, passível de valorização energética.

No caso do granulado de borracha, é utilizado, por exemplo, no fabrico de pavimentos desportivos, nomeadamente para campos de futebol, pistas de tartan, recintos desportivos diversos e parques infantis.

Além disso, os granulados mais finos podem ser incorporados no fabrico de asfalto (MBB – Misturas Betuminosas com Borracha) para construção ou reparação de estradas.

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