Clássicos de Rali a história do Audi quattro

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Clássicos de Rali: a história do Audi quattro

Nos anos 70, a Audi já produzia automóveis com a qualidade premium que se podia exigir a um fabricante que concorria mais com BMW e Mercedes do que com marcas generalistas. Mas faltava-lhe imagem, sobretudo fora da Alemanha. Essa lacuna foi colmatada com o envolvimento nos ralis, disciplina que a Audi acabou por revolucionou com o mítico coupé Audi quattro de 1980.

O Audi quattro era uma máquina soberba, que aproveitava brilhantemente componentes mecânicos de outros modelos do grupo: o chassis, por exemplo, era do Audi 80 Coupé, as suspensões importadas do 200 Turbo, enquanto o sistema de transmissão integral foi inspirado no que equipava o Volkswagen Iltis, ilustre desconhecido veículo de todo o terreno, tão competente e robusto que chegou a vencer um Dakar (em 1980, tendo conseguido segurar o primeiro e o segundo lugar na classificação reservada para automóveis).    

A ideia original da Audi era produzir apenas 400 unidades do coupé para a homologação de Grupo 4, mas a excelente aceitação deste carro pensado para competição levou a Audi a estender a produção até 1991, atingindo um volume total de 11.452 unidades fabricadas.

A estreia do Audi quattro nos ralis

Na década de 1980, o Mundial de Ralis era disputado com carros clássicos, com duas rodas motrizes e motores atmosféricos que não ultrapassavam os 260 cv. O aparecimento do Audi quattro no Rali do Algarve de 1980 (o primeiro teste a sério como carro 0) impressionou toda a gente pela potência do motor (cerca de 320 cv) e eficácia a curvar graças às quatro rodas motrizes. A revolução no grande palco do Mundial de Ralis estava em marcha, e a inovadora tecnologia quattro deixava os concorrentes em sentido.

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A estreia na competição aconteceu uns meses depois, no Janner Rally, na Áustria.

Muita à frente do seu tempo (e também da concorrência)

No Rali de Monte Carlo, de 1981, Hanu Mikkola esmagou a concorrência até abandonar devido a problemas mecânicos. Na segunda prova, na Suécia, alinhou e ganhou.

Também nesse ano, Michèle Mouton tornava-se a primeira mulher a ganhar um rali do WRC, ao volante do Audi quattro. A superioridade da dinâmica do Audi era tanta que levou o mítico Walter Röhrl a proferir o famoso comentário “até um macaco é capaz de ganhar com este carro!”. É que o alemão, campeão do mundo em 1980 com o Fiat 131 Abarth, não gostou de ser batido pela francesa…

Nos anos seguintes, a divisão de competição da marca dos quatro anéis desenvolveu as versões A1 e A2 do quattro, elevado ao estatuto de candidato crónico aos lugares mais altos dos pódios em ralis do calendário do WRC. Pilotos como Mouton, Hannu Mikkola, Stig Blomqvist e Walter Röhrl, já com a cores da Audi, venceram dois em 1983 (A1), três em 1983 e cinco em 1984.

A era Sport quattro

Audi Sport Quattro Standvirtual

Em 1984, a Audi sentia a ameaça que representavam o Lancia 037 e o Peugeot 205 Turbo 16 e, buscando maior agilidade, apostou todas as fichas na evolução Sport quattro, com chassis 320 mm mais curto e um novo motor a debitar, no mínimo, 450 CV.

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Foram produzidas apenas 214 unidades para homologação em Grupo B – só duas dezenas entregues à Audi Sport para construir os carros de rali.

No desenvolvimento do Sport quattro, os engenheiros da marca alemã tentaram corrigir as debilidades do antecessor, com base nos testemunhos recolhidos junto de alguns dos mais reconhecidos pilotos da casa, que pediam um carro que não sofresse tanto de subviragem…      

O Audi Sport Quattro fez a sua estreia na Volta à Córsega, em 1984. Mas não impressionou.

A carroçaria refeita em materiais como carbono e Kevlar tornaram-no mais leve e o motor, em liga de alumínio, era também mais pequeno que o do Audi quattro, embora mais potente, instalado juntamente com a transmissão num espaço menor. O objetivo era ser também vencedor nos ralis em asfalto. Mas conduzi-lo nos limites em pisos de asfalto tornou-se num desafio de imprevisibilidade. Quando o Sport quattro consegue finalmente impor-se num rali no WRC já Stig Blomqvist tinha garantido o título mundial com o quattro anterior.

Para tornar o Sport quattro competitivo, a Audi abandonou algumas soluções estreadas em 1981, mudando por exemplo o diferencial central por um equipamento de acoplamento viscoso, de evolução em evolução, até ao Sport quattro S1, que chegou a atingir 550 cv!

A marca alemã abandonou o Mundial de ralis não muito depois, em 1986, na sequência do acidente mortal da dupla Toivonen/Cresto (Lancia Delta S4) na Volta à Corsega.

Os carros do grupo B tinham-se tornado demasiado perigosos (logo na altura, Jean-Marie Balestre e a FISA decidiram banir os grupo B da temporada seguinte). E a marca alemã voltaria a correr apenas na famosa rampa de Pikes Peak, com o Sport quattro S1, já numa versão com uma potência “esticada” para lá dos 600 cv.

Quattro, marca registada             

O programa quattro (marca registada da Audi) estava, originalmente, destinado à competição. Mas a intenção foi depois adulterada, com muitas e bem-sucedidas adaptações aos vários modelos de produção no catálogo da marca de Ingolstadt.

O princípio da transmissão quattro, que nasceu para o carro dos ralis há cinquenta anos, continua igual, embora com recurso a mecanismos diferenciados nas dezenas das variantes disponíveis na gama, até pela variação da colocação do motor, longitudinal ou transversal.

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