Os carros a GPL são um bom exemplo da importância em causar uma primeira boa impressão. Alguns modelos começam a sua carreira comercial de forma apagada e, posteriormente, por mais que a marca torne o modelo mais atrativo – aumentando a gama de motores disponíveis, o nível de equipamento ou tornando os preços mais competitivos – já é tarde demais e não há nada a fazer: o carro vai continuar a vender pouco.
Terá sucedido algo de parecido com o GPL (Gás de Petróleo Liquefeito). A placa inicial, azul e branca, que era obrigatório ostentar na traseira do veículo, a proibição de permanência em estacionamentos fechados e notícias sobre o risco de explosão destes veículos tornaram-nos mal-amados, ou pelo menos pouco apreciados no nosso país. Ao contrário do que acontece, por exemplo, em Itália, Holanda ou Polónia.
A grande vantagem deste combustível que mistura propano e butano é o seu custo. Por isso, desde que surgiu em Portugal, sempre foi visto como uma boa alternativa para tornar sustentáveis carros que, funcionando a gasolina, representam um custo difícil de comportar tendo em conta os seus elevados consumos.
Os carros a GPL são apreciados por quem precisa de percorrer muitos quilómetros com um custo o mais baixo possível e não dispõe de orçamento para investir, por exemplo, num Diesel. Muitos automobilistas optam inclusive por comprar carros a gasolina com pouco valor comercial (tantas vezes por serem demasiado gastadores) e transformam-nos em veículos a GPL, num centro especializado, apesar de, neste caso, ser necessário fazer contas ao preço da transformação, que pode muito bem superar o valor do automóvel usado.
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Carros a GPL: menos poluentes, mais autónomos
O facto de haver marcas no mercado português que propõem veículos novos a GPL tem funcionado como um suplemento de confiança para quem quer um destes veículos. Além disso, na época em que se fala cada vez mais da poluição automóvel e de medidas para a combater, convém lembrar que os carros movidos a GPL emitem menos partículas e Nox do que os seus congéneres 100% a gasolina ou gasóleo e até são admissíveis naquelas cidades que, um pouco por todo o lado, começam a colocar restrições à circulação de carros a diesel mais antigos.
Outro argumento de peso: um carro a GPL pode ter uma autonomia superior a 1000 km. Não nos podemos esquecer que, afinal, trata-se de um bi-fuel e, quando acaba o GPL, comuta automaticamente para gasolina. Por outro lado, existe um argumento contra os veículos a GPL: o menor número de postos de abastecimento que vendem GPL. Mas como todos os postos à partida têm gasolina, isso significa que o utilizador de um carro a GPL não ficará imobilizado por falta de combustível.
Mas afinal qual é a diferença, na prática, entre rolar a GPL e a gasolina? Pegámos num conhecido SUV, bastante popular no mercado português: o Dacia Duster com motor 1.0, que apresenta 90 cv de potência, na versão a gasolina, e 100 cv, na GPL. A diferença nas performances entre ambos é pouco relevante: 166 km/h de velocidade máxima e 13,1s dos 0 aos 100 Km/h, no gasolina, contra 173 km/h e 13,3s no GPL. No preço, considerando o mesmo nível de equipamento, a marca anuncia a partir de 17.615€ para o gasolina e desde 18.065€ para o GPL. Ou seja, este último é 450€ mais caro.
No caso do GPL, o depósito de apenas 34 litros está no lugar da roda suplente, pelo que pode esquecer este item. Além disso, com apenas 34 litros, a necessidade de reabastecer é frequente. Mas se o objetivo é mesmo a máxima autonomia sem quaisquer abastecimentos, recordamos que o depósito de 50 litros do Duster a gasolina continua lá.
Considerámos os consumos médios homologados pela marca: 6,3 l/100 km de gasolina e 8,4 litros de GPL. Ou seja, o GPL gasta mais cerca de 33%, mas esta circunstância não se sente na carteira, já que, neste início de 2021, um litro de gasolina custa 1,54€, ao passo que o GPL anda pelos 70 cêntimos. Exato: menos de metade!
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A poupança de um carro a GPL
Tendo em conta que um comprador de um carro a GPL faz essa escolha porque faz muitos quilómetros em estrada, é provável que até consiga baixar dos valores médios de consumo apresentados pela marca. Ainda assim, optámos por utilizar os valores homologados pela marca romena. Trata-se de uma espécie de meio termo, já que, como sabemos, os consumos são quase sempre mais altos na vida real (ainda que, com as regras WLTP em vigor, sejam cada vez mais fiáveis).
Apesar de gastar mais (8,4 l/100 km) fruto do preço mais baixo do combustível, o GPL representa um custo de 5,88€ aos 100 km, valor que sobe para os 9,70€ no caso do gasolina, mais frugal, mas a precisar de “alimento” muito mais caro. Ou seja, considerando uma utilização anual de 15.000 km, o Duster a GPL obriga a um dispêndio de 882€/ano, contra os 1455€ do modelo 100% a gasolina.
Quanto custa um Duster a GPL usado?
Números que dão que pensar e que ajudam a afastar qualquer preconceito que ainda possa existir em relação aos carros a GPL. São bem mais baratos do que um Diesel ou elétrico e praticamente não padecem das questões relacionadas com a amortização do custo dos primeiros nem da autonomia dos segundos.
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