a historia do primeiro Dakar

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A história do primeiro Dakar

Foi no deserto da Líbia, perdido durante três dias que quase lhe custaram a vida, que o francês Thierry Sabine idealizou aquela que viria a ser a maior prova de todo o terreno, com saída da Europa e chegada ao coração de África, atravessando o inóspito deserto. Por sorte, Sabine foi resgatado quando já se encontrava no limite da desidratação e o seu sonho veria a luz do dia no ano seguinte.

Em 1978, começou a organizar o Rali Paris-Dakar que, durante quase 30 anos, fez a ponte entre a França e o Senegal – foi à 30.ª edição, quando a prova deveria ter arrancado em Lisboa, que o evento foi pela primeira vez cancelado, levando a organização a mudar de paragens e levando o mítico rali para terras sul-americanas.

Mas, entre 1978 e o fim da prova em terreno africano, houve muitas histórias, a começar pelo ano inaugural.

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Do sonho de Sabine à realidade

A 24 de dezembro de 1978, partiram de Paris 92 motos, 12 camiões e 80 carros para o primeiríssimo Paris-Dakar, com o objetivo de cumprirem quase dez mil quilómetros, atravessando zonas urbanas, dunas rochosas, areias, campos de lama, naquela que, por ser considerada a prova de rali mais cansativa, menos de metade acabaria por chegar à meta. No primeiro ano, chegaram a Dakar, a 14 de janeiro de 1979, apenas 74 veículos dos 182 inscritos.

Cyril Neveu Dakar Ymaha XT500

O primeiro vencedor global foi Cyril Neveu numa Yamaha 500 XT – um feito que viria a repetir em 1980, 1982, 1986 e 1987 e que lhe consagraria um lugar entre as lendas do motociclismo, um reconhecimento da Federação Internacional de Motociclismo em 2013.

A partida, porém, não reuniu a euforia das edições seguintes. Os que alinhavam na ideia louca de Sabine eram olhados como uns esquisitos e apenas um punhado de gente foi ver as motos, carros e camiões coloridos a alinharem-se ao longo das fontes do Trocadero, numa fria e cinzenta véspera de Natal.

Esquisitos, mas aventureiros

Quem estava prestes a enfrentar a grande aventura não se importava com o desdém alheio. Eram esquisitos, mas dentro de poucos dias estariam a desfrutar do calor do sol de África e nem os banhos de pó os desmotivariam. E, entre os 182, não havia nenhum nome sonante: alguns concorrentes tinham experiência e sabiam o que fazer aos comandos das suas motos, automóveis ou camiões, mas nenhum era piloto profissional e poucos veículos foram preparados devidamente para o que os esperava: depois de cruzar França e o mar Mediterrâneo, mergulharam no deserto do Sara pela Argélia, atravessaram a Nigéria, cruzaram o Mali e o Alto Volta (atual Burquina Fasso) até chegarem ao verdejante e lamacento Senegal, onde viriam a cruzar a meta na capital Dakar.

Ainda os concorrentes estavam a ter o primeiro contacto com o deserto, quando os ecos da corrida começaram a chegar à Europa. A partida tinha sido dada há uma semana, quando os relatos do locutor francês Max Meynier na RTL captaram as atenções. Enquanto isso, os artigos que chegavam da dúzia de jornalistas que tinha aceitado acompanhar a aventura começaram a fazer sonhar os europeus sedentos de alguma aventura, liderada pelas motos, mais leves e capazes de enfrentar os terrenos do deserto com maior agilidade. Além de Cyril Neveu, viriam a ocupar o pódio Gilles Comte, também numa Yamaha 500 XT, e Philippe Vassard, com uma Honda 250 XLS.

Por altura do cruzar da meta, já as histórias, algumas romantizadas, do deserto e das suas gentes que aplaudiam e vibravam com o passar das caravanas, tinham conquistado uma boa fatia de fãs dos ralis.

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As portas da aventura

“É no meio de um entusiasmo indescritível que a pequena caravana de vagabundos ao volante ou ao guiador de máquinas muito agastadas chegará a Dakar sob uma chuva totalmente inesperada… nasceu a lenda”, descreve Michel Delannoy em Premier Rallye Paris-Dakar, publicado pela Editions du Palmier em 2017, ano em que se cumpria o aniversário de 40 anos do sonho de Sabine. Delannoy, que foi amigo de Thierry Sabine, é um editor, jornalista e piloto, que esteve presente na edição de estreia do Paris-Dakar, tendo testemunhado em primeira mão as agruras que o deserto apresenta, mas também o espírito solidário que nasce, noite após noite, sob um céu tão estrelado que é mais branco que azul.

A sucesso foi comprovado nas edições que se seguiram: em 1980, alinharam 216 veículos e, no ano seguinte, 291. E os nomes das estrelas vieram atrás da boa fama conquistada pelo evento. Casos de Thierry de Montcorgé, rei do poliéster, que levou um Rolls-Royce para o deserto, ou do piloto belga de Fórmula 1 Jacky Ickx que, em 1981, se juntou ao ator Claude Brasseur num Citroën CX2 400 GTI (no ano seguinte, com um Mercedes 4X4, chegaram em quinto; em 1983, sagraram-se vencedores).

A mística e o interesse das marcas automóveis fizeram crescer o Paris-Dakar. E nem a morte do seu criador esmoreceu a fantasia. Thierry Sabine morreu a 14 de janeiro de 1986, quando o helicóptero, a partir do qual seguia o Dakar, embateu numa duna, no deserto do Mali, durante uma tempestade de areia. Afinal, como reclamara Sabine, “posso conduzir-vos às portas da aventura, mas cabe-vos a vós abri-las”.

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